terça-feira, 22 de outubro de 2013

O AMOR NÃO É PRISÃO



O AMOR NÃO É PRISÃO

Por que tens que me dizer adeus?
O amor não é uma prisão
Estar com alguém
Não deveria significar acorrentar-se

Aí para ser livre
Você me dá adeus
Esquecendo que eu preciso
Da tua presença para ser feliz

A água do rio
Não está acorrentada a ele
Tanto que um dia
Desemboca no mar

Enquanto a água está em seu leito
Ela lhe acaricia as entranhas
Ela lhe conhece todas as partes
Eu sei que um dia tuas águas pertencerão ao mar...

Mário Feijó
22.10.13

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

PARA TE SEDUZIR



PARA TE SEDUZIR

Tantos foram os beijos
Que eu queria te dar
E sem receio depositei-os
Em bocas que achei malditas

Procurava o teu sabor nelas
Encontrava um prazer efêmero
E passada a hora da libido
Eu me fechava entre portas e janelas

E nas vezes em que eu
Pensei que poderia te amar
Não passava de uma decepção
Eu voltava à minha sentinela

Achava que te encontraria
Em outros corpos, outras bocas
Ledo engano de colibri (seduz a todas)
Eu só queria seduzir você...

Mário Feijó
21.10.13

FELIZMENTE



FELIZMENTE

Ele achava-se gato
Saiu para caçar
Descobre-se rato
Não caçou, nem foi caçado...

Mário Feijó
21.10.13

domingo, 20 de outubro de 2013

NÃO TENHAS PUDOR



NÃO TENHAS PUDOR

Eu queria entender
Por que mentes pra mim?

Ontem tentavas me seduzir
Dizendo que me darias a lua
Hoje dizes que ela tem dono

Queria entender por que o vento
Vem gemer na minha janela
Se a brisa sopra em outros campos

Em meu quarto
Hoje gemo de dor
Quando outrora
Foi prazer e amor

Não me enganes mais
Deixe-me só
Não tenhas pudor...

Mário Feijó
20.10.13

sábado, 19 de outubro de 2013

ESTA FOI FELICIDADE



ESTA FOI FELICIDADE

Vovó andava como se se flutuasse. Eu não via suas asas, mas tinha certeza que ela levitava e por onde ela passava ficava no ar um leve cheiro de alfazema misturado com o de gente que nos faz feliz.
Vovó era assim. A começar por seu nome – FELICIDADE -. Ela s. e deslocava como se não tocasse o chão e quando passava era só uma brisa perfumada que se aproximava. Assim sabíamos que ela estava próxima.
Quando estava na cozinha sempre havia um cheirinho de linguiça frita (que ela adorava), acompanhada por pirão de feijão. Noutras vezes era o cheirinho de torresmo com café fresco que ela mesma colhia no quintal, secava, batia no pilão de madeira e passava num coador de pano que tinha em seu bule de barro sobre o fogão à lenha.
Até hoje eu não sei se ela era mesmo minha avó ou apenas a felicidade disfarçada de gente, naquela pele morena que me dava beijos estalados na bochechas.

Mário Feijó
19.10.13