sexta-feira, 16 de agosto de 2013

ALGO MAIS QUE NÓS DOIS



ALGO MAIS QUE NÓS DOIS

Eu queria poder
Dar-te algo
Que fosse além
Muito além do material

Algo que fosse
Além do que teus olhos vissem
Do que teu corpo sentisse
Do que teu desejo aspirasse

Algo que fosse
Muito além da minh’alma
Que extrapolasse teu espírito
Que fosse muito além do meu pensamento

Nada disto aconteceu
E para que o vazio não tomasse conta
Resolvi enchê-lo
Com a minha poesia...

Mário Feijó
16.08.13

PLANOS POÉTICOS



(FOTO: Josefina Monteiro)
PLANOS POÉTICOS


Enquanto caminhava à beira mar
Pensando nos beijos que eu não te dei
Imaginando os poemas
Que poderia escrever


No entanto já estava lá o mar
Uma garça solitária pescava
E a lua em plena tarde
Barriga intumescida

No céu uma gaivota
Corria apressada
Riscando o azul celeste
Sem nenhuma nuvem

Pensei em amores, em você distante
Imaginei uma noite ao luar
Traria dois cálices e um vinho
E uma colcha pra na areia deitar

Desanimado eu me  deite na areia
E feito gato malandro relaxei
Quase voei com a gaivota
Quase ondulei com o mar

E a poesia?
Ah! Deu preguiça deslocar a natureza
Resolvi deixar pra lá
Só não abandonei meus planos com você...

Mário Feijó
16.08.13

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

BOTANDO FOGO



BOTANDO FOGO

Eu brincava
Quando dizia
Que te queria nos invernos
Só para me aquecer                  

Eu me divertia
Quando no verão
Pedia o teu corpo
Para o meu gozar

É que eu
Te queria
Rindo na minha cama
Brincando na beira da praia

Porque quando o tempo esfriava
Deitávamos na frente da lareira
E com vinho e calor
Incendiávamos em amor...

Mário Feijó
15.08.13

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

FACE ROSADA



FACE ROSADA

Não pense
Que o tempo passou por nós
Deixando suas marcas
No rosto, nas mãos

Nós é quem passamos por ele
Como a luz de uma estrela cadente
Deixando apenas uma marca no espaço
Que num piscar de olhos some

O efêmero e o eterno
O amor e a paixão
A inocência perdida
A face rosada

O sol apenas queima
A pele ardida
No rosto uma lágrima alivia
Na hora de dizer adeus...

Mário Feijó
14.08.13

O SUSTO



O SUSTO

Outro dia lembrei o gosto que eu tinha por doces até o inicio de minha vida adulta. De repente, meu paladar mudou e não foi em decorrência da cirurgia para consertar um desvio de septo que fiz. 

A cirurgia aconteceu mais tarde e, me abreviou o cheiro das coisas e gosto delas de um modo geral, mas me aguçou o desejo pelo café que estava desaparecido.

Vale à pena dizer que eu bebia de uma única sugada uma lata de leite condensado e, para que ele descesse feito cachoeira doce, eu fazia um furo enorme na lata.

Quando eu estava no interregno de um casamento e outro (há trinta anos), morava sozinho e mantinha meu apto de solteiro fazendo tudo com liberdade (parem de pensar que eu estou falando de sexo).

Bem, certo dia abri uma lata de leite condensado (e nem foi para jogar no corpo de alguém e sorvê-lo em suaves lambidas), mas para suga-lo como fiz de outras vezes, só que não tive vontade de beber toda a lata, ou até porque quis prorrogar aquele estado de graças. Tomei somente a metade e deixei o resto em cima da geladeira.
No outro dia a primeira coisa que eu fiz foi correr para a cozinha e chupar com toda força o saldo do meu leite condensado tão amado. Fiz isto com uma força enorme, para ter a boca cheia daquela pasta maravilhosa...

Deliciava-me com o sabor daquele doce quando de repente senti perna mexendo, o meu leite condensado adorado tinha pernas agora?

Levei um susto. O tempo era quente e o clima agradável, não havia motivos para eu me arrepiar, porém diante da surpresa corri para a pia e cuspi o que sobrou em minha boca e vi ali nadando, ainda dando seus últimos suspiros, porém totalmente saciada com meu leite condensado, uma enorme barata cascuda...

Canalha! Pensei...

Mário Feijó
14.08.13