O
SUSTO
Outro
dia lembrei o gosto que eu tinha por doces até o inicio de minha vida adulta. De
repente, meu paladar mudou e não foi em decorrência da cirurgia para consertar
um desvio de septo que fiz.
A
cirurgia aconteceu mais tarde e, me abreviou o cheiro das coisas e gosto delas
de um modo geral, mas me aguçou o desejo pelo café que estava desaparecido.
Vale
à pena dizer que eu bebia de uma única sugada uma lata de leite condensado e,
para que ele descesse feito cachoeira doce, eu fazia um furo enorme na lata.
Quando
eu estava no interregno de um casamento e outro (há trinta anos), morava
sozinho e mantinha meu apto de solteiro fazendo tudo com liberdade (parem de
pensar que eu estou falando de sexo).
Bem,
certo dia abri uma lata de leite condensado (e nem foi para jogar no corpo de
alguém e sorvê-lo em suaves lambidas), mas para suga-lo como fiz de outras
vezes, só que não tive vontade de beber toda a lata, ou até porque quis
prorrogar aquele estado de graças. Tomei somente a metade e deixei o resto em
cima da geladeira.
No
outro dia a primeira coisa que eu fiz foi correr para a cozinha e chupar com
toda força o saldo do meu leite condensado tão amado. Fiz isto com uma força
enorme, para ter a boca cheia daquela pasta maravilhosa...
Deliciava-me
com o sabor daquele doce quando de repente senti perna mexendo, o meu leite
condensado adorado tinha pernas agora?
Levei
um susto. O tempo era quente e o clima agradável, não havia motivos para eu me
arrepiar, porém diante da surpresa corri para a pia e cuspi o que sobrou em
minha boca e vi ali nadando, ainda dando seus últimos suspiros, porém totalmente
saciada com meu leite condensado, uma enorme barata cascuda...
Canalha!
Pensei...
Mário
Feijó
14.08.13