MAR BRAVIO
Muitas vezes na vida o que temos diante de nós é o caos. Pensamos até
que caímos do lindo iate, onde apenas fazíamos um passeio de férias, e caímos no
mar bravio e silencioso. Nestas horas, nos bastaria uma mão estendida que seria
como um bote salvador. Só que acabamos nos debatendo, debatendo, debatendo e
não aparece aquele herói tão esperado. É a vida... e vamos afundando,
afundando, afundando, porém, percebemos que ir para o fundo do mar, daquele
mar, não é a morte.
Nesta hora exata, antes de bater no fundo, acordamos. Não é um acordar
de um sonho ou de um pesadelo, é um acordar para a vida. Não existem heróis na
nossa vida. O que existe é a vontade de seguir em frente, fazendo o que de
melhor podemos fazer.
Nesta hora também tomamos consciência de que o nosso herói somos nós
mesmos. Não podemos sentar e ficar lamentando. Temos que dar fortes braçadas e
vencer o mar bravio. Só assim atingimos nossas metas.
Desta forma vemos que nós somos seres solitários. Não é egoísmo pensar
no nosso bem estar, em primeiro lugar, pois mesmo que você seja sempre um ser
bondoso e altruísta, que sempre pense primeiro nos outros e depois em si,
precisa estar forte para poder fazê-lo. E quando penso nisto, vejo que as mães,
geralmente, são assim. Elas pensam primeiro nos filhos e depois em si. Salvo raras
exceções é isto o que acontece. Eu também me incluo um pouco nesta
característica, apesar de não ser mãe. Porém também penso primeiro nos outros, como
se todo mundo fosse meu filho, e depois em mim. Mas a idade está me obrigando a
pensar um pouco mais em mim. E isto está gerando um distanciamento daqueles que
não recebem mais vantagens... Tenho que olhar pra trás e rir... sou um bobo
mesmo.
Então antes que eu pareça estar sendo cínico e cruel com quem me rodeia
estou praticando cuidar de mim. E como diz a música: “ando devagar, porque já
tive pressa”. E a pressa não nos leva a lugar nenhum. Não diante da vida porque
a vida tem seu ritmo próprio e nós não podemos mudar isto.
Somos energia e como tal devemos nos deixar levar como se fosse uma onda
no mar. E, nos dias de vento mais forte ser uma grande onda, ou nos dias de
calma ser uma onda branda num mar que ser torna plácido e sereno.
Mário Feijó
02.08.24