PERMITA-SE... AMAR, PECAR, VIVER...
Este é o ano
em que completo setenta anos. Nunca me senti tão pleno e jovem como agora. Não arrasto
os pés e ainda sei o que quero diante da vida e do amor.
Faz algum
tempo que eu me aposentei. Não foi coisa recente porque eu me aposentei por
problemas de saúde. Aí fui me cuidar e viver. Sai de um casamento com alguém
que eu muito amava, mas que estava me incomodando bastante, eu não estava mais
feliz, depois de vinte e cinco anos de relacionamento. Foi nesta hora que eu
comecei a me amar mais e adotei o verbo “PERMITIR” como lema de vida.
Eu me
permiti viver um novo relacionamento tão logo descobri que o meu antigo amor
tinha acabado. Passei a viver melhor minha sexualidade quando também admiti que
eu era macho sem ser machista e que no amor havia espaço para o amor com
pessoas, não necessariamente do sexo oposto, porque em termos de sexo nada é
oposto, mas sim imposto e eu estava quebrando esta regra pra mim, amando seres
humanos, independente do gênero. Com alguns destes seres eu até fiz sexo, mas
porque me abri para a vida e comecei a ser julgado.
Isto passou
a não me incomodar mais quando eu descobri que era feliz seguindo os instintos
da minha natureza e passei a me permitir ser eu mesmo, sem culpas. O que era
pecado antigamente me deixava feliz agora, nesta última década em que vivi
minha vida. Agora eu não pensava mais em morrer como na minha adolescência,
onde eu sofria com o que pensavam a meu respeito. Passei a ser dono do meu
destino e na minha vida mando eu.
Lembro de
como doía ser chamado de “bichinha” quando eu não era, nem queria ser. Agora eu
sou apenas um homem feliz, sem rótulos para se definir porque eu sou apenas um
ser humano.
No começo da
minha vida adulta eu trabalhava para viver e ajudar minha família, depois meus
filhos, ultimamente alguns netos e acabei esquecendo um pouco de mim. Voltei a
ser egoísta, quero cuidar mais de mim.
Quando me
aposentei comecei a pintar e a escrever mais intensamente. No início apenas
poemas, hoje escrevo contos, crônicas e pretendo escrever um romance.
Como eu
disse: não gosto de rótulos. Sou um artista. Um ser humano. Um ser espiritual. Se
alguém quiser me definir escolha estas categorias. Sempre gostei de cantar mas
por medo não canto, nunca pratiquei. No entanto não tenho medo de me aventurar
na arte e no artesanato e tudo o que eu faço através da arte me ajudam a viver
melhor. A arte dá cores ao meu viver quase sempre monocromático e também
àqueles que como eu não percebiam que a vida é muito colorida.
Algumas vezes
eu pensei ser um anjo na vida de certas pessoas, mas tem muita gente que não acredita
em anjos, muito menos em mim. Eu perdi minhas asas e acho que foi naquele 30 de
novembro de 1951 quando eu pousei aqui neste planeta.
Confesso que
tenho sentido falta de voar, sinto falta das minhas asas, mas está perto o dia
que eu as receberei de volta. Até lá fico por aqui me permitindo apenas viver,
inspirado em Felicidade...
Mário Feijó
06.03.21
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