segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

PAGANDO OS PECADOS DE AMOR



PAGANDO OS PECADOS DE AMOR

Dúvidas sobre mim
Dúvidas sobre o amor
Dúvidas sobre a hora e a quem amar
Não! Eu não tenho dúvidas

Eu tenho dívidas comigo
Dívidas para com o amor
E dívidas com a vida
Por isto estou resgatando o amor
Pagando todas as minhas dívidas com ele

Eu não tenho mais medo de amar
Não tenho dúvidas sobre a hora de amar
Tampouco tenho dúvidas em relação à vida
Agora... Bem agora eu estou
Pagando todos os meus pecados...

Mário Feijó
03.02.14

domingo, 2 de fevereiro de 2014

CACHORRINHO PERDIDO





CACHORRINHO PERDIDO

Você tem jeito
De cachorrinho perdido
Caído da última mudança
E que não sabe pra onde ir

Às vezes me olha
Com um olhar assustado
Querendo se fazer de forte
E se te estendo a mão: morde!

Mas eu não peço mais nada de ti
Apenas que me abanes o rabo
E que não me mordas
Quando eu for te alimentar...

Mário Feijó
02.02.14

RITOS DA VIDA



RITOS DA VIDA

Rostos
Retas
Ritos
        Gritos perdidos

Celas
Velas
Ruelas
        Caminhos seguidos

Flores
Odores
Amores
Calores
        Tempo que suportamos

Um dia
           Uma vida
                       A morte levou...

Mário Feijó
02.02.14
       

sábado, 1 de fevereiro de 2014

ROSTOS




ROSTOS

Eras apenas um rosto na multidão
Sorriso amarelo, sem graça
Apenas um rosto tímido, quase ingênuo

Eu... um rosto a mais que vias
Encantado ao pôr-do-sol
Apenas te olhando sorrir

Entraste na minha vida

Eu não quero sair da tua...

Mário Feijó
01.02.14

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

AS BONECAS DA TIA LOURDES













AS BONECAS DA TIA LOURDES

Outro dia fui visitar uma das irmãs de minha mãe – tia Lourdes – hoje com 84 anos. Ela mora junto com tia Magdalena que tem apenas 72 anos. Moram juntas por opção e carma, eu penso.
Eu tinha levado um amigo junto e estávamos sentados na sala, em duas poltronas do sofá que não eram ocupadas por bonecas de todos os tamanhos. Nos cantos haviam mais algumas que tinham quase um metro de altura. As demais ocupavam, além do sofá de três lugares, estantes e prateleiras da casa de madeira.
Algumas destas bonecas foram sendo acumuladas no decorrer dos anos de sua vida de casada. Nossos filhos cresciam e as bonecas iam sendo repassadas à tia Lourdes que optou por não ter filhos.
As bonecas eram tidas como lembranças dos sobrinhos-netos e outras que eram presenteadas por amigas que foram descobrindo o seu amor por colecionar bonecas, como se fossem filhos.
O tempo passou e algumas destas bonecas foram ganhando uma aparência estranha, sinistra. Minha tia não percebia isto. Nós também não percebemos quando os filhos mudam com o passar dos anos e os tratamos sempre como crianças. Eu também não percebera isto, mas o amigo que estava comigo achava tudo estranho, muito estranho.
De repente toca o telefone. Meu amigo levou um enorme susto. Eu fiquei intrigado e perguntei por que? Ele não respondeu e começou a fotografá-las. Entre elas há algumas que nem são mais fabricadas. Outras são simples bonecas de plástico, de cerâmica ou pano. As que considerou mais sinistras fotografou-as e foram mais que dez...
Eu penso que com o passar dos anos as bonecas passaram a incorporar os dramas e as dores incontadas de minha tia Lourdes.
A família é grande e ela uma das minhas tias mais velhas. Minha mãe, se fosse viva teria 82 anos.
Tia Lourdes reclama que os sobrinhos não a procuram, mas isto é resultado de sua falta de amabilidade com eles no passado. Eu ouvi os dois lados. Alguns primos reclamam que ela não era muito receptiva com as visitas.
Hoje não lhe restaram crianças. Todos crescemos, mas as bonecas estão por toda a casa como se fossem sombras das crianças que por ali nunca passaram, nunca correram...

Mário Feijó
31.01.14