terça-feira, 13 de maio de 2014

ALMAS TRANSPARENTES



ALMAS TRANSPARENTES

É incrível o grau de transparência que adquirimos quando envelhecemos.
Os filhos, raramente, lembram-se de você. Os netos só se você servir para brincar com eles. Os estranhos chamam você de “tio” ou “tia” e nem percebem mais se você é homem ou mulher – isto não faz mais diferença.
Até os cinquenta anos eu sabia que um dia iria morrer, mas quando a gente chega aos sessenta tem certeza disso. Tudo dói e a vida começa a se modificar drasticamente.
Será que o “ser humano” sempre foi assim: tão cruel com o seu semelhante? Será que estes milhares de anos na terra não deixaram nenhuma lição de que devemos respeitar o outro e, principalmente aos mais velhos?
Talvez tenha sido à toa Cristo dizer “amai-vos uns aos outros”... Decretou-se uma surdez a isto.
Estou vendo que envelhecer é como se desintegrar aos poucos da vida das pessoas. Você continua ali inteiro, mas os outros não te vêm porque você só não morreu, mas aos seus olhos já se desintegrou...

Mário Feijó
13.05.14

segunda-feira, 12 de maio de 2014

NEGAÇÃO DO AMOR



NEGAÇÃO DO AMOR

Era tão pouco o amor
Que dizias sentir
Que o primeiro vento
Dissipou-o como se fosse
Uma poeira no chão...

É impossível:
Tocar sem sentir
Comer sem perceber o gosto
Acarinhar sem ter vontade de amar

Há algo mais que não me contas:
O vento, o mar, as estrelas e o sol
Dizem-me outra verdade
São registros da nossa vivência
Não há como negá-la...

Mário Feijó
13.05.14

SONETO À TUA COVARDIA



SONETO À TUA COVARDIA

Entre as minhas mãos
Passou apenas o frescor
E o prazer da tua pele
Como se fora água corrente

No entanto quando tive sede
A água não me saciou
Escapou por entre os dedos
Indo morrer nos ralos de esgoto

Eu apenas queria minha sede matar
Porém fugidia a água escapa
Não mais pura nem inodora

Água lodosa impura foges
Misturando-se à tempestade
E ao vento raivoso que grita na minha janela

Mário Feijó
12.05.14

sexta-feira, 9 de maio de 2014

"PER TE"



“PER TE”

Todas às vezes
Em que eu me desnudo
Percorro meu corpo
Pensando no teu

Então minha pulsação aumenta
A boca fica seca
Pela falta dos teus beijos
E pela tesão que pulsa em meu corpo

Aí eu rolo na cama
Pensando em ti e viajo
Tocando cada parte tua

Beijo-te os lóbulos
Fazendo carícias
Penetrando o teu mundo...

Mário Feijó
09.05.14

quinta-feira, 8 de maio de 2014

ONDE ESTÁS?



ONDE ESTÁS?

Onde te escondes
Mulher das minhas insônias?
Desde que partiste
Eu tive apenas corpos quentes
E mentes vazias
Que me pediam amor
Apenas por uma noite
Ou no máximo um dia

Ninguém é feito tu
- A imperfeita, mais que perfeita –
Nem Michelangelo, com seu Davi
Apresentou maior perfeição
E por ti tenho in(Sônia)s

Carências de um amor-perfeito
Agora percebo, desde que te foste
Que todos os girassóis secaram
Os amores-perfeitos já não parecem ter
A mesma perfeição de outrora...

Onde estás?
Onde te escondes agora?

Mário Feijó
06.05.14