domingo, 20 de maio de 2018

FOME DE AMOR




FOME DE AMOR

O meu corpo treme
De frio e de paixão
                Solitário
Querendo que o teu corpo
Alimentasse o meu

Vejo o teu corpo
Como uma castanha
Que precisa ser quebrada
Para lá dentro encontrar
A semente que alimenta

É vital esta semente
Porque só ela me dará energia
Que matará a minha fome
Que me aquecerá do frio
Fazendo o meu corpo tremer
No prazer da tua carne
Que saciará a minha fome

Mário Feijó
20.05.18

AMAR NÃO BASTA




AMAR NÃO BASTA

É preciso companheirismo
Para que o amor sobreviva
Amar, somente amar, não basta!
O amor não sobrevive à solidão

Amar e se esconder
É criar um castelo de areia
Que desmorona ao primeiro vento
Que desaba na chuva

O amor não é utopia
Ele exige parceria
O amor pede afagos
Carinhos e também abraços

Quem ama joga tudo para o alto
Confia e decide ser feliz
Só assim o amor sobrevive

Mário Feijó
20.05.18

AMOR DE PAPEL


AMOR DE PAPEL

O teu amor
É um amor de papel
Ele rasga fácil
Some fácil
Queima fácil

É água que não consigo
Reter entre as mãos
Que escorrega pelos dedos
E desaparece nos bueiros

É um amor que some
Feito a fumaça das chaminés
Uma primeira chama acesa
E que se apaga ao primeiro sopro

Amor de papel fino
Que some no fogo
E no jogo da vida
Porque é um amor de papel

Mário Feijó
20.05.18

sábado, 12 de maio de 2018

NÁUFRAGO




NÁUFRAGO

No reflexo do sol
Brilha a luz do teu coração
Pedindo socorro
Quase naufragando no horizonte

A gaivota corre assustada
A garça recolhe sua saia branca
Na da praia da praia
Ficando apenas um véu de espuma

E o teu coração apenas pulsa
Fraco dói dentro do peito
Como se fosse explodir num infarto

O dia é um esplendor
Luzes pipocam sobre as ondas
Sinais do pedido de socorro
Daquele que naufraga distante

Mário Feijó
12.05.18

terça-feira, 8 de maio de 2018

ALMA ÁRIDA





ALMA ÁRIDA

Sem flores
Sem beijos
Sem sonhos
Sem desejo

O mato crescia naquela alma
O coração parecia
Que estava cheio de erva daninha
Que a tudo destruía

Machucando o peito
Em ritmo descompassado
A culpa era um câncer
Destruindo aquela vida

E em alguns minutos
Ele escancarou a janela
Para depois sumir
Na estrada deserta

Mário Feijó
09.05.18

sexta-feira, 27 de abril de 2018

ARTHUR ARTEIRO




ARTHUR ARTEIRO

Ele corre pela casa
Fazendo artes na parede
Risca, pinta e se esconde
É hora de praticar
Os exercícios da escolinha

Arthur nem sabe se quer
Ser artista, alpinista, médico ou desenhista
Olha para o mar e pensa
Quem sabe serei surfista

Quiçá o rei deles
Nome de rei ele já tem
Artista ele deixa para o irmão: Caetano
Afinal ele tem nome de Cantor famoso

Enquanto isto sem muita preocupação
Arthur pega a mochila e corre pra creche
Está na hora de ir brincar
Porque ninguém é de aço
Só a espada que na vida um dia irá empunhar

Mário Feijó
27.04.18



domingo, 22 de abril de 2018

O MUNDO ENCANTADO DE MOANA




O MUNDO ENCANTADO DE MOANA

Com apenas quatro meses de idade
Moana fica quietinha
Quando seus pais – Tatiele e Ivan
Folheiam seu primeiro livro

E a menina conversa
Como se quisesse contar a história
Daquele mundo encantado
Que ela descobrira dentro da barriga da mãe

Nada fala
Porque ainda não sabe falar
Mas sonha
Como se continuasse dentro do ventre

A mãe – professora –
Conta-lhe histórias reais
Outras apenas fantasiosas
E Moana encanta-se com o mundo que descobre

Mário Feijó
22.04.18

quarta-feira, 18 de abril de 2018

ADEUS ÀS BORBOLETAS





ADEUS ÀS BORBOLETAS

Eu plantei flores em meu jardim
Queria ter borboletas nele
Dentre elas havia amores-perfeitos
Alguns girassóis e uma ou outra rosa

Até que certo dia vi uma lagarta
Ingênuo, mal sabia
Que aquelas bichas feias
Eram futuras borboletas

Metamorfose – disseram –
Esperei para ver
De repente vi só uma casca seca

A borboleta já tinha ido embora
Restou-me a ilusão
De tê-la em meu jardim
Certamente não gostou das minhas flores

Mário Feijó
18.04.18  

segunda-feira, 16 de abril de 2018

O AMOR EXISTE?




O AMOR EXISTE?

Passei a vida inteira
Correndo atrás de sonhos
Perseguindo o amor

Algumas vezes me iludi
Poucas vezes enganei alguém
Ainda penso que não se deve
Brincar com os sentimentos dos outros

E por ser um romântico incorrigível
Fui atropelado por pessoas
Que trocavam amor por sexo

E nesta brincadeira fui usado
Para depois ser dispensado
Noutras vezes fui tão explorado
Que estou em dúvidas se o amor existe

Mário Feijó
16.04.18

POR DETRÁS DAQUELES VIDROS EMBAÇADOS





POR DETRÁS DAQUELES VIDROS EMBAÇADOS

Por detrás dos vidros embaçados
Corre a Serra Geral  apressada
Para logo descansar na cidade de Osório

O vento que antes varria as ruas da cidade
Levantando as saias de moçoilas pudicas
Hoje abastece a cidade com energia
Aquecendo no inverno ventilando no verão

A montanha serpenteia esverdeada
E ali ganha o título de Morro da Borrússia
Onde homens alados voam contra o vento
E borboletas coloridas se espalham no caminho

Naquele sábado o dia estava
Pintado de gris e o céu
Que normalmente era celeste
Tinha perdido suas cores

Enquanto isto numa sala
Poeticamente decorada borbulhava com sonhos
De intelectuais que pediam consciência cultural
Que os políticos teimavam em sufocar

Mário Feijó
14.04.18  

domingo, 1 de abril de 2018

SEM CORAÇÃO




SEM CORAÇÃO

Algumas pessoas fazem da vida uma brincadeira
Não têm responsabilidade pra nada
E vivem a brincar com os sentimentos
De outras pessoas

Isto é quase uma crueldade
É como pegar uma criança
E soltar num campo deserto
A criança ficará perdida

Nossos sentimentos merecem respeito
E cada qual quer ser respeitado pelo que é
Pelo amor que temos à vida
E nas relações que vivemos com outros

Não dá para viver sem amor
Não dá para viver sendo enganado
Não dá para ter uma base falsa para pisar
Caso contrário afundamos em um lodaçal

Mário Feijó
01.04.18

quarta-feira, 28 de março de 2018

NA MINHA MEMÓRIA




NA MINHA MEMÓRIA

Na minha memória
São tão doces, mas tão doces
Aqueles beijos que derretem na boca
Feito bala azedinha, lentamente...

No entanto eles saíram da boca
E foram morar na minha memória
Num lugarzinho chamado “e se?”

E se você tivesse ficado comigo?
E se você não tivesse ido embora?
E se você voltasse algum dia?
Todavia você parece nunca ter existido

Eu já não tenho mais 18 anos
Você não deve ser mais a menina
Que mora na minha memória e
Lá dentro você continua com 17 anos...

Mário Feijó
28.03.18

terça-feira, 27 de março de 2018

O QUE FIZERAM COM VOCÊ?




O QUE FIZERAM COM VOCÊ?

O que fizeram com você
Impondo-lhe a noção
De que tudo é proibido e pecado
Que Deus é um ser castigador

Nada é pecado quando feito com amor
E quando nos deixamos levar
Por este sentimento envolvente
Tudo fica muito melhor

Não é cinismo pensar no aqui e agora
Pensar em si mesmo
Pensar em ser feliz
Não é pecado querer a felicidade

Opte pelo caminho do bem
A vida é muito curta
Nascemos para ser felizes
Lembre-se que Deus é amor

Mário Feijó
27.03.18

segunda-feira, 26 de março de 2018

CHEIRO DE VENTO




CHEIRO DE VENTO

É tão bom estar contigo!
Quando estamos juntos
Não existe hora imprópria
Todas as horas são propícias ao amor

Somos sempre atletas
Dispostos a uma maratona
Com barreiras superadas
Colinas que subimos e descemos tranquilamente

E vem um cheiro de vento forte
Que entra em nossas narinas
Impregnando nossas almas de verde

E assim abraçados pelo vento
Somos andarilhos do amor
Enlaçados pela luz do luar

Mário Feijó
26.03.18

sexta-feira, 23 de março de 2018

OS ANJOS DIZEM AMÉM!


OS ANJOS DIZEM AMÉM!

Os anjos dizem amém
A quem tem esperança
A quem tem amor no coração
A quem faz caridade
A quem faz o bem
Sem olhar a quem

Os anjos dizem amém
A quem tem boas intenções
A quem segue em frente
A quem não desiste
No primeiro não

Os anjos dizem amém
Ao meu amor por ti
À luz do sol sobre a natureza
Ao ar puro da Amazônia
Aos mares da Polinésia
                Às orações que fazemos pelos outros!

Mário Feijó
23.03.18  

segunda-feira, 5 de março de 2018

CRIADOR E CRIATURA






CRIADOR E CRIATURA

Eu acredito em um Ser Superior
A quem já ouvi chamarem
Deus, Alá e muitos outros nomes
E conheci seus profetas

Mas para mim este Ser Superior
Está acima de tudo
Coordena tudo
Só que não criou tudo em sete dias

Tanta perfeição
Tanto cuidado
Devem ter sido muito bem pensado
Deve ter sido muito bem planejado

Senão como explicar o amor
Que nasce sem explicação
Uma flor que vira fruto
Ou o movimento das marés?

Eu agradeço todos os dias
Pela minha inteligência
O fato de amar e ser amado
E por tudo que a vida me ensina

Mário Feijó
Sto Anastácio-SP
05.03.18

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

PÁGINAS AMARELAS GUARDAM AMORES PERFEITOS




PÁGINAS AMARELAS GUARDAM AMORES PERFEITOS

Era apenas uma luz acesa
E na escuridão
Eu tinha a dimensão do mundo
Que a noite tentava esconder

O jardim era negro
Os girassóis morreram
Não procura mais a minha luz
In(Sônia) era meu guia

Solitários? Somos todos
Alguns são mais egoístas
Bastando-lhes pagar contas e comer
O amor fica em último lugar

Quando nasce um novo dia
Tudo se aclara na mente
Amores-perfeitos foram depositados
Nas páginas amarelas da nossa história

Mário Feijó

30.01.18

domingo, 28 de janeiro de 2018

DOIS PERDIDOS



DOIS PERDIDOS

E agora?
Quem cuidará de mim?
Agora que estou órfão
Agora que estou velho
Agora que estou só...

Eu ando por mundos desertos
Não vivo de abraços
Estou perdido sem laços
Filhos, amigos, homens, mulheres
Todos se foram
Todos estão sempre ocupados
Eles vivem suas histórias
Ninguém quer ouvir as minhas

E agora?
Quem cuidará de mim?
Encontrei-me num velho caderno
Ele me ouve, aceita minhas histórias
Encontrei-o tão perdido quanto eu...

Mário Feijó

28.01.18 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

QUALQUER HORA EU PARO: DIZ MEU CORAÇÃO!



QUALQUER HORA EU PARO: DIZ MEU CORAÇÃO!

Ontem eu senti
Meu coração palpitar
Como se me avisasse
- Qualquer hora eu paro!

E eu nesta solidão
Fico a esperar
Que tu faças escolhas
E percebas que os dias vão-se embora

Deixamos de viver horas felizes
Porque falta tanta coisa
Que a vida demonstra mais tarde
Nada falta além da vontade de amar

Não há conserto para dias que se foram
Todos os dias são lindos
Embora faça chuva
Em meu coração mutilado por falta de amor

Mário Feijó

26.01.18

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O AMOR É FEITO DE ENTREGAS




O AMOR É FEITO DE ENTREGAS

E se tu me perguntasse agora
Qual a coisa que eu mais queria no momento
Com certeza eu te responderia
Que a coisa que eu mais quero é merecer teu amor!

Porém o dia se foi
E logo veio uma noite qualquer
Feito tantas outras noites
Escuras, frias e sem luar

Eu só pude me esconder
Entre a bruma do mar
Que sofria feito eu
Uma grande solidão

Veio um novo dia
E com ele nasceu a esperança
Botei uma roupa apropriada
E fui ao mar me entregar

Mário Feijó

25.01.18  

REFLEXOS E INCERTEZAS





REFLEXOS E INCERTEZAS

Eu sempre tive dúvidas
Nunca tive certeza
De quase nada na vida
Agora tenho uma certeza: eu te amo!

E a certeza que tinhas
Quando dizias me amar
Foi sumindo feito a luz do final do dia
Quando a noite está para chegar

E foi nesta hora
Onde todas as incertezas se juntam
Que eu olhei para o céu
E vi nele a lua crescente

Ou seria somente um reflexo
Das luzes do dia que ia embora
E que eu, perdido no lusco-fusco
Acabei desencontrando o amor?

Mário Feijó

25.01.18  

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

SAUDADE(Z)



SAUDADE(Z)

A tua ausência
Alimenta em mim
Animais que eu desconheço

Uns apenas devoram meu sono
Outros comem minhas entranhas
Enormes são os desejos
Que habitam meu corpo

Venha! Invada-me!
Possua-me sem pedir licenças
Quem sabe esta saudade (que vale por dez)
Desista de me acompanhar

E quando o sol da manhã chegar
Quem sabe eu já seja outro ser
Saciado de amor
Com você ao meu lado...

Mário Feijó

24.01.18

domingo, 21 de janeiro de 2018

O AMOR É UMA FLOR



O AMOR É UMA FLOR

Nunca houve melhor analogia para o amor
Que o comparar a uma planta – uma flor
Se não molharmos da planta
Se não cuidarmos dela, ela morre!

Tudo é válido: um bilhete,
Um bombom, dizer: eu te amo
Faz o amor crescer, vigorar
Não são horas intensas de sexo, mas o cuidado

Se uma planta não for cuidada
Adubada, molhada, tratada com carinho
Ela murcha e morre
Seja ela flor ou cactos

O mato cresce
Sufoca a planta
Que lentamente definha
O amor padece...

Mário Feijó

21.01.18 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

SOLO FÉRTIL



SOLO FÉRTIL

Eu sou a terra molhada
Que recebe sementes
E fecunda as transforma em árvores
Porque na terra há fonte para o amor

E meu chão são meus braços abertos
Solo fértil de meu coração
Onde o amor transborda
Fazendo multiplicar flores deste jardim

Mas há quem pise neste chão
Sem perceber a porção do amor
Ali pronto para brotar
E agradecer mesmo sem ver o que ali existe

Só as aves humildes
Fazem reverência ao solo
Quando dele catam as sementes
Para se alimentar... é a vida seguindo seu rumo!

Mário Feijó

17.01.18

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

GIRASSOL

GIRASSOL

Tenho sonhos que não morrem
Eles continuam vivos dentro de mim
E acordam todos os dias
Como se fossem pétalas ao sol

Sou feito sempre-viva
Renasço no amor que me tenho
E no amor que me dão
Mas eu quero muito mais do que recebo

Eu penso que o amor cresce
À medida que o damos
Por isto não me contenho
Não quero ser botão de rosa que não abriu

Porque foi colhido prematuramente
Talvez ele tenha nascido para ser um botão somente
Mas eu sou flor que desabrocha
Sou o girassol que se abre para a luz

Mário Feijó

16.01.18

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

EU PENSO SIM!




EU PENSO SIM!

Penso sobre as incertezas da vida
Penso nos amigos queridos
Penso naqueles que se fazem de amigos
Mas na verdade nunca o foram

Neste momento eu penso em ti
Penso que tenho escrito pouco
Penso que tenho jogado muito

E penso que tenho feito pouco amor
Penso que é culpa da distância
Penso que me bastaria ser uma flor
Um passarinho, ou até mesmo a brisa do mar

Penso que muitas vezes
Eu sou um prisioneiro de mim
Penso que a vida é muito curta
E penso que o meu tempo acabou

Mário Feijó

12.01.18

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

ELE A FEZ FELIZ EM VIDA, MAS A ENSINOU A SOBREVIVER COM A SUA MORTE...




ELE A FEZ FELIZ EM VIDA, MAS A ENSINOU A SOBREVIVER COM A SUA MORTE...

Ela era doce, feito uma colherada de mel que tomamos em jejum. Tinha ares de princesa e se eu tocasse meus lábios em sua pele sentiria o gosto de fruta madura, pronta pra ser digerida. Mas meu olhar de gula era somente de quem aprecia o belo. Era uma das garotas mais inteligentes da nossa turma de faculdade. Eu via estrelas toda vez que ouvia o seu riso de cachoeira. Em momento algum fui apaixonado por ela, mas tinha uma admiração que rimava com seu nome “endeusamento” – Neusa é o seu nome.
Um dia vi seu namorado. Combinava com ela perfeitamente. Era quase um menino feito ela, tinham na época um pouco mais de 20 anos. Toda vez que eu o via chegar imaginava que ele tinha deixado um cavalo branco na porta da faculdade e vinha busca sua princesa para passearem num bosque e depois voltar a um castelo. Era um rapaz muito bonito, do tipo que eu jamais fui. Queria ter aquele cabelo, aquele sorriso e aquele olhar apaixonado pela vida como ele tinha por ela. Coincidentemente se chamava Daniel, como meu filho mais moço na época (e que morrera pouco depois em um acidente de carro). Mas continuando nossa história: ele fazia Engenharia. Eu também sempre quis fazer engenharia, mas era muito pobre para cursar esta faculdade. Sem nem saber o que significava no inicio, cursei Administração de Empresas.
Acabei me tornando um amigo distante do casal. Tipo amigo de faculdade. Achei que se me aproximasse muito ele poderia sentir ciúmes, coisa que todo adolescente sente quando percebe que alguém do sexo oposto é amigo do seu par.
O tempo passou. A vida nos levou por muitos caminhos. Ficamos distantes, mas toda vez em que nos encontrávamos eu admirava o casal, até que no ano passado, ou retrasado eu me encontrei com a turma e descobri que ele estava com câncer. Fiquei observando e descobri que aquele homem devia ser um anjo. Eu aprendi muitas lições neste último encontro sem muita conversa, só observando a sua maneira de viver. Ele estava vivendo seus últimos dias a ensinar quem se aproximasse a viver. Ao mesmo tempo, penso eu, estava ensinando a ela – seu amor – a viver sem ele depois da partida. Nem conheceu sua primeira neta.
Agora quando eu olho pra ela vejo que ela não se descabelou. A vida continua, e disse-lhe o que escrevi neste título de crônica. Aí ela quase desmoronou em lágrimas. Havia ali dentro daquela mulher, hoje com 64 anos, que mantem a mesma carinha dos vinte e poucos anos, uma torrente de emoções e de amor represado. Ela continuou vivendo, sem fazer dramas, distribui sorrisos e derrama entre nós risos de cachoeira fresca. Como não amar uma pessoa assim?
Eu penso que precisamos de mais seres humanos menos mesquinhos, feito Neusa e Daniel. Sempre que os via juntos lembrava de Romeu e Julieta, antes da tragédia. Achava que os dois viveriam para sempre. Nunca aventei a hipótese de morte separando-os. No entanto não somos eternos. A vida continua e eu sou um adepto de que continuamos vivos numa outra dimensão. Então tudo o que vivemos é crescimento e aprendizado para outra etapa.
Semana passada nos encontramos. Ela agora sozinha, mas eu sentia que Daniel se escondia no sorriso dela.
Eu não poderia deixar de eternizar o meu pensamento sobre o amor, mais especificamente sobre este amor. Talvez Daniel se me lesse agora até estranharia, pois não convivemos muito amiúde, nem fomos amigos íntimos, mas basta um pouco de sensibilidade e amor para que estejamos próximos de quem gostamos. E eu sempre os amei.
Há nesta turma de faculdade que começou em 1972 na UFSC um monte de histórias lindas e de superação, como a de Ronilda, minha parceira desde os primeiros anos escolares e que nos ensina a viver. Hélia que se esconde em seu drama, não menos doído, ou o de Rosa, agora quase carequinha mas que nos encanta sempre que nos encontramos, feito as rosas que perfumem e colorem nossos jardins.
Eu estou atento à vida, procurando aprender com minhas histórias, sofrendo e me solidarizando com os amigos, mas vivendo à procura da Felicidade. Nunca se sabe onde a encontraremos, mas vivamos bem e toquemos em frente, agora que a idade começa a ficar pesada.
Com amor,

Mário Feijó
 11.01.18  

  

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

POR UM MUNDO MELHOR





POR UM MUNDO MELHOR



Tudo que eu sempre quis na vida
foi amar as pessoas
como se fossemos irmãos
sou do tempo da paz e do amor

No entanto alguns, sempre com os pés atrás,
pensam que estão sendo feridos
- Não estamos em guerra, sou da paz -
Mas parece ser mais fácil agredir, não abrir os braços

Vivemos num planeta, e para viver melhor
penso na existência de um Deus
- é mais fácil para viver na comunidade humana
e a última coisa que penso é em fazer o mal a outrem

O mundo é melhor quando nos ajudamos
As pessoas vivem melhor quando estão unidas
É mais fácil ajudar aos outros do que "malhar" alguém
E um diálogo geralmente resolve todas as pendengas...


Mário Feijó
02.01.18