sábado, 31 de dezembro de 2016

PÁSSARO DISTANTE



PÁSSARO DISTANTE

Um dia eu encontrei
Um pequeno passarinho
Piava perdido com medo

Eu o peguei em meus braços
Dei-lhe comida no colo
E no meu ninho dei guarida

O pássaro cresceu
Bateu asas
Foi-se embora
Não voltou para ao meu ninho

Agora fico olhando pro céu
E vejo-o bem longe caçando
Tornou-se uma águia distante

Mário Feijó

31.12.16

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

UM BURACO NEGRO





UM BURACO NEGRO

Pouco a pouco fui ficando vazio
Você arrancou de mim
O que eu tinha de melhor

E tal qual um buraco negro
Levou pra dentro de si
O que havia de bom

Sugou a fé que eu tinha em mim
Atraiu para si todos os meus amigos
E como se eu fosse uma laranja
Sugou todo o meu sumo
Minha inspiração e até o meu amor próprio

Quando olho para o que restou de mim
Vejo um corpo cansado, debilitado
Envelhecido em um canto qualquer
Já não atraio mais tua atenção
Sou apenas um buraco negro

Mário Feijó

30.12.16

domingo, 25 de dezembro de 2016

E QUANDO TU TE FORES?




E QUANDO TU TE FORES?

Eu me pergunto
Como serão os meus dias
Quando tu te fores

Será que ainda
Perceberei a luz do sol
Será que ainda verei
A profusão de cores?

Ou será que secarão todos os rios
Que agora habitam meus olhos?
E ainda haverá água bastante
Para regar as nossas flores?

Eu ainda busco no vento
Abrir os meus braços
Numa tentativa de te alcançar
Porém neles há um vazio de abraços

Mário Feijó

25.12.16

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

AÇOITES

AÇOITES

Se um dia
Quando eu chegar ao céu
Ou ao inferno (sei lá)
(porque para algum lugar
Nós deveremos ir)
E me perguntarem
Qual a minha maior experiência
Aqui neste planeta
Eu não terei dúvidas para responder:
- Não foi a felicidade!
- Nunca foi a alegria!
- Jamais foi o prazer
Ou qualquer outro forte sentimento!
O que eu mais vivi
Intensamente neste planeta
(nem sempre bendito)
O que mais me marcou por aqui
Foi a dor que eu senti
Açoitando-me o corpo e a alma...

Mário Feijó

15.12.16

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

“EU NÃO QUERIA TE INCOMODAR”



“EU NÃO QUERIA TE INCOMODAR”

Ouvi você dizer
Que não queria me incomodar
E por causa disto
Eu me entreguei inteiro ao amor

A um amor não correspondido
Que se eu tivesse sido incomodado
Teria evitado menos incômodos

Talvez eu não tivesse subido aquela serra
Quiçá eu não teria caído
Quando tentei apanhar
Aquela flor que caia para te dar

E não teria sofrido
Agora que vejo a lua despontar
E sempre pensar em ti
- Sabia que eu queria poder dá-la a você?

Penso que foi egoísta demais
Ficando calada e recebendo mimos e atenções
E eu menino, inexperiente,
Sofrendo esta desilusão

Eu pensava em nós dois como um casal
E você em mim, como mais um amigo
Foi sofrido, ainda dói
Tua ausência aqui comigo...

Mário Feijó

13.12.16

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

ESPELHOS




ESPELHOS

Eu olho nos olhos de gente
Procurando encontrar
Dentro deles o amor
Que meus olhos refletem

Queria ver espelhos
Nos olhares de amor
Encontrar reciprocidade
Nos olhos que vejo pelas cidades

Quero ver flores se abrindo
Cachoeiras caudalosas
Que encontro nos olhares de bichos

E me entregar em abraços
Deixando subir aos céus
Uma fumaça branca de paz

Mário Feijó

09.12.16  

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

HOSPITAL

HOSPITAL

Nas esquinas dos imensos corredores
Correm o meu desejo de cura
E a vontade de encontrar saúde
Nos Moinhos de Vento

Estou jogando com meus sonhos, meus medos
Como se estivesse voltando à vida onde
Sou levado por uma roda gigante
Que sobe e desce, sobe e desce, desce e sobe

Eu só quero abraços de amigos
Beijos dos beija-flores que pousam
Nas flores amarelas da acácia mimosa

Quero debruçar-me na janela
Olhando as amoras imaturas
Que esqueceram de brotar porém latentes
Nos verdejantes ramos iluminados

Mário Feijó
08.12.16