quinta-feira, 27 de agosto de 2015

NO MUNDO DOS DUENDES

NO MUNDO DOS DUENDES

Era inverno no hemisfério sul. A professora resolvera levar seus alunos da primeira série para passear no campo. Nenhum deles tinha mais que sete anos. Eram vinte crianças, nove meninos e onze meninas. Estavam todos eufóricos...
Criança de cidade grande não conhece o campo. Nunca viu um riacho, tampouco viu uma galinha, um pato, marreco, um peru e se assusta com tudo o que vê. Incrível olhar um porco e se assustar com seu focinho gelado.
Estavam maravilhados no final da tarde. Quatro horas. Era hora de ir embora e a van que os levaria de volta já estava a postos. A professora chamava a todos pelo nome, mas onde estava Felipe.
O menino havia descoberto um buraco entre as árvores e resolvera se enfiar pelos arbustos. Percebera uma luz ali e fora atraído por um clarão azul.
- Venha Felipe! Não tenha medo. Dissera Aristófoles, um duende verde, com um olhão azul, que inspirava bondade.
O menino, encantado foi entrando e descobriu coisas que jamais havia visto. Tudo era diminuto e ele parecia gigante diante de tudo o que via. Eram seres pequeninos que ali viviam. Locomoviam-se com a rapidez dos insetos, certamente porque tinham asas. Mas falavam igual a ele. E Felipe compreendia tudo o que diziam, sem medo algum. Resolvera se despreocupar e ganhara de Aristófoles uma bolinha azul brilhante que acendia e dentro dela mostrava tudo o que acontecia por ali como se fosse uma tela de celular mostrando um filme. Guardara no bolso.
O sol ali parecia ser uma bola azul e não doía olhar para aquela luz. Tudo era florido. Havia campo por todo lado e pequeninos animais, parecidos com os da fazenda.
Felipe não queria mais ir embora. Parecia que fora um grande período de tempo que passara ali. Conhecia tudo e adora a todos. Fora tão bem recebido que queria ficar ali para sempre, porém Aristófoles lhe dissera:
- Você não pode ficar aqui para sempre, menino. Se ficar morrerá no lugar aonde vive e se tornará um de nós, pequenino, como nós. Esta é outra dimensão. Volte, estão procurando você. Um dia você irá voltar, acredite, e será muito bem-vindo.
Nisto Felipe ouve alguém chamado seu nome e assustado sai de dentro do mato onde se encontrava.
A professora apavorada corre para abraçá-lo e o levar de volta.
- Onde você estava menino? Certamente dormiu embaixo dos arbustos.
Felipe silenciou. Quem iria acreditar em sua aventura?
Foi para o fundo da van e pensando no que vivera coloca a mão no bolso e vê a bolinha acesa passando o filme do local onde estivera. Rapidamente coloca de volta no bolso. Agora sabia como se comunicar com seus amiguinhos que ficaram na fazenda e naquele mundo encantado de onde não queria mais sair...

Mário Feijó

27.08.15

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

AGOSTO, VERÃO?

AGOSTO, VERÃO?

Eram tantos os rostos
Aflitos de agosto
Molhados da chuva
À espera do sol...

E as águas subiam
Vinham dos montes
Nascidas em julho
Escondendo o luar...

E o vento soprava
Nas terras do sul
Em tempos de inverno
Investido verão

E pela manhã serração
À tarde baleias brincavam
Com filhotes recém-nascidos
Eu, apenas te recolhia em meus braços...

Mário Feijó

17.08.15

sábado, 15 de agosto de 2015

A SOLA DA PALMA DA TUA MÃO

A SOLA DA PALMA DA TUA MÃO

Quando eu percebo
O toque das tuas mãos
Na sola da palma das minhas
É como se nossos corpos se fundissem

E quando eu percebo teus pelos eriçados
Vejo a tua natureza animal:
Gato, peixe, pavão, pássaro
Vento, poeira, nuvens, estrelas

E eu deixo de ser só(l)
Para ser galáxia
E me fundir a ti...

Mário Feijó

15.08.15 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SAUDADES DO BOM TEMPO DE CRIANÇA

SAUDADES DO BOM TEMPO DE CRIANÇA

Há dias em que eu sinto falta de:
Cheiro de mato molhado
Barulho de grilos
Estrelas no céu
Ver a lua cheia
Correr atrás de pirilampos
Correr descalço na areia
Pular nas poças da chuva
Esquentar na frente de um fogão à lenha
Cheiro de café torrado
Pirão de feijão com uma gema crua em cima
Tomar água na bica
Correr atrás de uma galinha para comer assada depois
Brincar em festa junina
Comer batata doce assada na brasa
Comer amendoim torradinho
Dormir em colchão com palha de milho
Jogar bolinhas de gude
Ficar brincando de roda...

Depois de matar minha saudade
Lembrando tudo
Descobrir que não sou mais criança
Mas que dentro de mim ainda existe
Aquela criança que não quer envelhecer.

Mário Feijó

10.08.15

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

CONSELHOS PARA ANA

CONSELHOS PARA ANA

Teça colos e trace sorrisos
Não se finja de forte
Porém não se deixe esmorecer
Somos todos finitos enquanto seres humanos
Saiba que a felicidade sempre é passageira
Então seja seu motorista e leve-a consigo
Para os momentos mais tristes e melancólicos
Temos as lembranças e a saudade
Procure não ser masoquista sofrendo
Não se culpe por nada nem se condene
Você não tem o dom de mudar destinos, relaxe
Sua presença nada mudaria!
Somos poeira do universo e tudo se transforma
Aprenda as lições e evolua com elas
Saiba que os gatos podem ter sete vidas
Mas os homens só têm uma
Com a vantagem de sermos eternos
Apenas mudamos de forma, de casa e de corpo
De tempos em tempos...

Trace sorrisos nos dias, trame abraços nas tardes
E não estará nunca só nas suas noites...
Chore, ria, cante, aprenda, não se condene
Ame-se! Não se castigue porque há espinhos
Até no mundo das flores (as rosas que os digam)
Então solte seu pólen ao vento
Sorria para o sol mesmo que pareça uma careta
Chore com a chuva (ela é uma boa apagadora de lágrimas)
Sinta saudades com o luar, você sabe como fazê-lo,
Há em teu sorriso segredos e os sorrisos sempre são janelas abertas
Por onde o amor flui... 
e por último: perdoe-se!

Mário Feijó

05.08.15

terça-feira, 4 de agosto de 2015

MULHER




MULHER
És a dádiva que Deus
Colocou em minha vida
Eu te agradeço pelo útero
Que um dia materno me acolheu

MULHER
Eu te devo a vida
E te agradeço pelos filhos que tive
E que são a minha continuidade

MULHER
Tu és o meu alicerce
E o alicerce dos homens
Sem ti não viveríamos

MULHER
És a direção do mundo
O nosso futuro
E sem ti não seriamos
Os seres que somos...


MÁRIO FEIJÓ
06.11.2008

GRANDES AMORES FAZEM NINHO EM NOSSOS BRAÇOS

Todos nós necessitamos
Do calor de outros braços
Que nos inspirem amor

Desde criança queremos o colo
Da mãe, do pai, dos avós
E nossos “radares” disparam
Na direção de uma alma gêmea

Mas para encontrar o amor precisamos
Estar despojados de outros interesses
Senão o coração erra na paixão
E o erro será inevitável...

É necessário estar bem consigo mesmo
Para que quando o amor chegar
Faça ninho em nossos braços
E não queira mais sair...



MÁRIO FEIJÓ - 2008

domingo, 2 de agosto de 2015

NOITE ENLUARADA

NOITE ENLUARADA

Hoje eu acordei feliz
Sentia-me campo florido
Dia de sol com brisa fresca
Lua cheia maravilhosamente laranja
Sentia-me florir
Como se meu jardim
Cheirasse a jasmim
Como se abelhas pousassem em mim
Querendo meu néctar
E continuei tarde ensolarada
Sorriso no rosto
Pássaros cantando
Como se a primavera estivesse ali
Na primeira esquina do mundo
Até que anoiteci e sobre o mar
Tornei-me um brilhante luar...

Mário Feijó

02.08.15

TUDO DO QUE PRECISAMOS

TUDO DO QUE PRECISAMOS

Algumas vezes
Basta-me
Um dia de sol
Uma noite de luar
Um ombro amigo
Alguém a me olhar
Pode ser até
Um olhar amigo
Um olhar de amor
Um olhar de carinho
Mas de alguém
Que passe por mim
E me dê bom dia
Boa tarde ou boa noite
Ou apenas um sorriso
Tudo isto são coisas/ações
Que acontecem de graça
Que não dói a quem o faz
E pode parecer tão pouco
Porém em horas difíceis
É tudo o que precisamos...

Mário Feijó

01.08.15