sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

AS BONECAS DA TIA LOURDES













AS BONECAS DA TIA LOURDES

Outro dia fui visitar uma das irmãs de minha mãe – tia Lourdes – hoje com 84 anos. Ela mora junto com tia Magdalena que tem apenas 72 anos. Moram juntas por opção e carma, eu penso.
Eu tinha levado um amigo junto e estávamos sentados na sala, em duas poltronas do sofá que não eram ocupadas por bonecas de todos os tamanhos. Nos cantos haviam mais algumas que tinham quase um metro de altura. As demais ocupavam, além do sofá de três lugares, estantes e prateleiras da casa de madeira.
Algumas destas bonecas foram sendo acumuladas no decorrer dos anos de sua vida de casada. Nossos filhos cresciam e as bonecas iam sendo repassadas à tia Lourdes que optou por não ter filhos.
As bonecas eram tidas como lembranças dos sobrinhos-netos e outras que eram presenteadas por amigas que foram descobrindo o seu amor por colecionar bonecas, como se fossem filhos.
O tempo passou e algumas destas bonecas foram ganhando uma aparência estranha, sinistra. Minha tia não percebia isto. Nós também não percebemos quando os filhos mudam com o passar dos anos e os tratamos sempre como crianças. Eu também não percebera isto, mas o amigo que estava comigo achava tudo estranho, muito estranho.
De repente toca o telefone. Meu amigo levou um enorme susto. Eu fiquei intrigado e perguntei por que? Ele não respondeu e começou a fotografá-las. Entre elas há algumas que nem são mais fabricadas. Outras são simples bonecas de plástico, de cerâmica ou pano. As que considerou mais sinistras fotografou-as e foram mais que dez...
Eu penso que com o passar dos anos as bonecas passaram a incorporar os dramas e as dores incontadas de minha tia Lourdes.
A família é grande e ela uma das minhas tias mais velhas. Minha mãe, se fosse viva teria 82 anos.
Tia Lourdes reclama que os sobrinhos não a procuram, mas isto é resultado de sua falta de amabilidade com eles no passado. Eu ouvi os dois lados. Alguns primos reclamam que ela não era muito receptiva com as visitas.
Hoje não lhe restaram crianças. Todos crescemos, mas as bonecas estão por toda a casa como se fossem sombras das crianças que por ali nunca passaram, nunca correram...

Mário Feijó
31.01.14

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

POR QUÊ TEMEMOS A VERDADE?



POR QUÊ TEMEMOS A VERDADE?

O ser humano prefere mentir
A enfrentar a verdade!
E o medo de ser verdadeiro
Acabou transformando nossa personalidade

Temos medo de nós mesmos
Do amor que sentimos
De sermos machucados quando amamos
E criamos armadilhas:
Para nós e para os outros

Escrevem-se mentiras
Retransmitidas no dia a dia
Isto começa na política e vai
Até o circulo familiar mais restrito

As crianças aprende cedo a mentir
Com os adultos que escondem a verdade
Que se escondem atrás de preconceitos
No modo de conceituar as coisas
Por medo de viver suas realidades...

Mário Feijó
30.01.14

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O AMOR MOLHA O CORPO E A ALMA



O AMOR MOLHA O CORPO E A ALMA

Eu sinto que tu não me amas
Porque foges de mim
E do amor que eu quero te oferecer
Penso que não aprendeste a amar

Eu estou aprendendo que o amor é entrega
Ele não oferece medo
Porque quando a gente ama
É herói da nossa história e tem coragem de viver...

Quem ama não se comporta
Como se fosse uma ostra
Que se fecha dentro de si

O amor é vento solto nos campos
É colocar a cabeça na chuva
Sem ter medo de adoecer por querer se molhar...

Mário Feijó
29.01.14

VOCÊ MERECE A FELICIDADE



VOCÊ MERECE A FELICIDADE

Não se assuste
Diante do inusitado
A vida é diferente todos os dias:
O novo e o inusitado são para ser enfrentados!

Não tenha medo de viver
Não tenha medo dos seus dias
Não tenha medo das suas noites
Curta todos os momentos como experiências...

Pense que a cada dia
O ar que você inspira
Não é o mesmo...

Cante com o vento
Ore para as estrelas
Pinte um pôr do sol dourado
Porque você merece...

Mário Feijó
29.01.14

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

BROTO E RAIZ



BROTO E RAIZ

Outro dia alguém discretamente
Disse que eu não era mais
Um broto e que estava
Muito mais para raiz...

Automaticamente pensei
Que faltavam poucos palmos
Para que eu enraizasse
Terra adentro...

Até então eu não pensava
Que tivesse meu prazo vencido
Porém quando me apontam a terra
Eu penso que nada mais de mim brotará

Talvez meus olhos me enganem
E me deem esperanças em relação a olhares
De piedade ou de amor e não mais de tesão
Na tensão eu vou enterrando minhas raízes...

Mário Feijó
28.01.14