sábado, 30 de junho de 2012

O QUE OS OLHOS NÃO VÊM O CORAÇÃO SENTE


O QUE OS OLHOS NÃO VÊM O CORAÇÃO SENTE



        Somos sempre narcisistas diante de um espelho. Quem não para ao olhar a sua imagem refletida?

Eu nunca gostei muito de me ver em espelhos, mas confesso que sempre me olho. E não desgosto totalmente do que vejo.

Se eu pudesse mudar eu mudaria algumas coisas, ou quem sabe até o corpo inteiro. Mudar-me-ia para outro mais belo e mais jovem.

Minha lista de mudanças inclui as olheiras, acentuadas pelo uso contínuo de óculos. As bochechas mandaria tirar fora, elas denunciam o meu parentesco com buldogues. A coluna e os ossos, cansados e alquebrados pelos inúmeros acidentes e pela osteoporose, deixam-me com um andar de tartaruga nas costas.

Algumas pessoas são até bondosas comigo e me elogiam, mas meus olhos não perdoam. Quando eles vêm uma foto minha são impiedosos, chegando a ser cruéis comigo.

Meus olhos são exigentes demais. Não me perdoavam a magreza adolescente. Não me perdoaram a falta de exercícios quando eu poderia ter um corpo mais definido e agora não me perdoam os inúmeros sinais da velhice.

Hoje eu até me acho um pouco melhor do que antes, que em minha juventude, mas quando meus olhos vêm uma foto são cruéis. Eu até já cheguei a pensar em ciúmes, mas eles não perdoam. São implacáveis comigo e com a minha maturidade recente.

Diante do caos que meus olhos apontam em relação ao meu corpo eu tratei de cuidar um pouco mais do meu interior, do meu intelecto, do meu espírito porque lá não alcançam suas críticas, lá ele não pode me depreciar.

Deixei então que o meu coração cuidasse do meu interior. Eu penso que meu coração me ama um pouco mais que meus olhos...



Mário Feijó
30.06.12

PS. Não se preocupem a foto acima é do novo corpo que habito. Mudei minh'alma de lugar... risos.

POR DENTRO E POR FORA


POR DENTRO E POR FORA 

Ah! Se eu pudesse mais
Que apenas te olhar por fora
Que me consumir por dentro
Nestas chamas que me ardem 

E se me consomem é porque tu
Somente tu com este olhar
Ora carente, ora arrasador
Lançaste-o em minha direção 

E sem querer denunciar
O meu desejo por ti
Baixo suavemente a face
Agora rubra em busca de girassóis inexistentes 

Mas tu sabes e percebes
Que outros girassóis poderão brotar
Então lance em meu solo
As tuas profícuas sementes... 

Mário Feijó
30.06.12

ARREBATADOR


ARREBATADOR 

Você não imagina
Como foi bom
Os meus olhos
Tocarem o teu corpo... 

O meu viu estrelas e todas as luzes
Da minh’alma se acenderam
Fazendo de minh’aura um arco-íris
Como se de meus olhos caíssem chuva... 

Eu sempre sonhei
Com um amor assim feito o teu
Arrebatador touro selvagem
Diante de alguém indefeso  

Fiquei assim brilhando
Por hoje e pelo amanhã
Enquanto meu cérebro processa
O teu cheiro que aspirei na distância... 

Mário Feijó
30.06.12

quarta-feira, 27 de junho de 2012

PARA ONDE VÃO OS AMIGOS?


PARA ONDE VÃO OS AMIGOS?





“Noto que estou envelhecendo; um sintoma inequívoco é o fato de que não me interessam ou surpreendem as novidades, talvez porque perceba que nada de essencialmente novo existe nelas e que não passam de tímidas variações”.

Jorge Luiz Borges in “o congresso”, de o Livro de Areia



Eu já precisei demais de vocês
De todos os que se diziam meus amigos
Foram muitas horas de dor e solidão
E todos fugiram dizendo que estavam solidários


Eu pensei que as estrelas
Também tinham me abandonado
Em todas as noites que não conseguia dormir
Consumido pelo meu pranto e dor


Só o mar foi uma constante em minha vida
Com ele haviam as lembranças dos momentos vividos
Então quando eu arrumei uma cama quente
Apareceram alguns querendo me condenar...


Era tarde demais porque eu vi o sol continuando a brilhar
Eu descobri que o céu tinha muitas estrelas desconhecidas
E a cada sete dias a lua tem vindo se renovar em minha vida...


Mário Feijó
28.06.12

SOU TEU


SOU TEU 

Todas as luzes que se acenderam na cidade
Umas por amor outras somente por paixão
Feito as luzes dos meus dias 

Por um pouco de amor
Ou por muita paixão deixo-me viver
Nuns dias sou apenas um sapo
Noutros me transformo em um príncipe  

Tenho que acreditar em meus sonhos
Tenho que me transmutar
Algumas vezes apenas me transformo
Como no instante em que sou teu 

Não pense em algo eterno
Tudo é passageiro
Eterna é a essência do amor
E a vida que escolhemos viver... 

Mário Feijó
27.06.12

terça-feira, 26 de junho de 2012

ÉRAMOS SEIS

(Meu primeiro livro infantil, com 16 páginas, só preciso de uma editora...)

ÉRAMOS SEIS 

Parece que foi ontem
Que passávamos fome juntos
Éramos seis filhos
Mais meu pai e minha mãe 

Meus pais morreram cedo
E os filhos dispersaram-se pelo mundo
Cada um foi cuidar da sua vida
E eu não gostei desta solidão de irmãos 

Casei e descasei várias vezes
Até viúvo já fiquei
Agora tento me encontra
Em um novo amor 

Não sei se é este o caminho
Porque os caminhos estão dentro da gente
Nunca no outro mas eu estou aí
Na vida tentando colar meus cacos... 

Mário Feijó
26.06.12

segunda-feira, 25 de junho de 2012

SOMOS SERES ETERNOS


SOMOS SERES ETERNOS


Impossível acreditar
Que tudo se acabará com a morte
Que o que aqui aprendemos
Será jogado no lixo 

Nosso conhecimento é armazenado
Em gavetas da memória
Na evolução do aprendizado
Onde ganhamos asas para a viagem 

Somos todos eternos
Somos luz nas escolhas
Crescemos na evolução
E sobrevivemos no que aprendemos 

Tudo se transforma
Disse Lavoisier e viram
Orientações espirituais
Para comprovar que não morremos... 

Mário Feijó
25.06.12

VIGILIA NOS CAMINHOS


VIGILIA NOS CAMINHOS


Somos assim: vigília
Uma luz em expansão
Num planeta de expiação 

E dói na alma
A sede de desejos infectos
Caminhos indigestos
No alimento espiritual: o conhecimento 

Há luz em qualquer esquina
Há aprendizado nos caminhos
Independente das escolhas
Desprendemo-nos dos erros
A que somos induzidos 

Conhecimento é luz
E na luz fazemos escolhas
E nas escolhas aprendemos
A melhor maneira de reconhecer caminhos... 

Mário Feijó
23.06.12

PARA ONDE OS LEVARÁS?


PARA ONDE OS LEVARÁS SENHOR?


Ó Criador! Para onde levarás
Aqueles que por aqui passaram
E que perdidos
Encontram-se no etéreo? 

Para onde levarás
Aqueles que em ti não curam?
Aqueles que não cumpriam Tuas leis?
Aqueles que cometeram os erros mais absurdos? 

Para onde irei eu?
Pobre aprendiz e por isto pecador
Um destes que muitos erros comete?
Para onde irei depois de ter superado erros? 

Estarei me redimindo de culpas?
Serei beneficiado com o teu perdão?
Receberei a graça do Teu amor?
Ou simplesmente retornarei para me corrigir? 

Mário Feijó
24.06.12

sexta-feira, 22 de junho de 2012

AMOR QUE NÃO ACABA


AMOR QUE NÃO ACABA 

Eu poderia ter ascendido aos céus
Mesmo assim de lá não esqueceria
Os mais belos momentos de amor
Que já passei contigo 

Cada segundo
Cada fração de tempo
Ficou impregnado na memória
E me fez pensar que és meu sol 

Eu apenas giro ao teu redor
Como se fora um satélite
Que precisasse da tua luz
Para poder existir 

E nas horas que a tua luz se ausenta
Eu sou apenas penumbra na noite
Sou tarde fria e lamacenta
E só por ti sou terra fecunda... 

Mário Feijó
22.06.12

quinta-feira, 21 de junho de 2012

HORAS DE AMOR


HORAS DE AMOR 

Nem só de sonhos vive um homem
Tampouco de uns parcos beijos
Ínfimos carinhos ou de promessas vãs 

Não há quem sobreviva
Com tão pouco
Com falsas promessas
E nesgas de esperança  

Eu quero sentir o teu calor
Muito beijo na boca
Muitas horas de amor e
Horas sem dormir por este motivo 

A vida oferece muitas alternativas
E eu não posso ficar
Platonicamente esperando por ti
Enquanto o tempo passa feito gata no cio... 

Mário Feijó
21.06.12

quarta-feira, 20 de junho de 2012

LÁGRIMA LIBERTA


LÁGRIMA LIBERTA 

Cai de meus olhos
Umas lágrimas canalhas
Que eu havia exilado
Nas colunas do tempo 

Mas veio a saudade
E lhes deram alforria
Veio a lembrança
E as libertou deste exílio 

E eu ainda carente
Colando cacos
Deixei me levar por elas
Morro abaixo de encontro ao chão 

Mas é lá que eu sempre fico
Quando volto do passado
Porque o passado não dá para apagar
Como se fosse um poema que não deu certo... 

Mário Feijó
20.06.12

terça-feira, 19 de junho de 2012

ISTO É FELICIDADE


ISTO É FELICIDADE



        Soluço preso na garganta e a fome subornada pelos cafés com farinha Felicidade costurava a vida.

        Vovó era assim: uma bordadeira de mão cheia (como ela dizia). Fazia crivos e bainhas abertas nos lençóis e toalhas sob encomenda que recebia lá da “cidade”.

Eu era apenas uma criança que feito anjo adorava voar ao redor de sua aura.

Naquela época havia encanto na pobreza e não era grande demérito ser pobre. Eu não conhecia milionários. E haviam os remediados (hoje é esta a minha opinião) e os pobres. Remediados eram os que tinham alguma propriedade e os pobres os que moravam de aluguel e lutavam para viver e sobreviver.

Pobre brincava de pés descalços, entrava em qualquer córrego para pegar piavinhas (nada era poluído), comia fruta do quintal, colhia ovos do galinheiro, sim, porque todos tinham alguma coisa plantada no quintal e criavam aves domésticas: galinhas, patos, marrecos e perus. E alguns criavam até porcos ou cabras.

Naquele tempo não havia televisão oi internet. Sucos eram das frutas colhidas do quintal e raramente se tomava CRUSH ou GRAPETTE. O café era do nosso quintal porque vovó Felicidade plantava.

Vovó também era conhecida como D. Felícia e só foi registrada como Felicidade aos setenta e sete anos quando as filhas, pela idade que ela dizia os filhos mais velhos nasceram e foram registrados.

Eu adorava voar em torno dela e penso que éramos almas complementares. Nós nos entendíamos com o olhar e eu sempre a vi como uma alma menina, mesmo quando mudou de planeta aos noventa e sete anos. Ela levou consigo a minha felicidade naquele dia.

Felicidade ou vó Felícia era completamente analfabeta mas trazia consigo uma compreensão psicológica e filosófica da vida que só agora, depois de muito estudo eu compreendo. O marido dela (meu avô materno) chamava-se Cândido e tinha por mim uma idolatria que mesmo menino eu não entendia, mas adorava ser paparicado, por ele e por meus tios. Com meu avô eu pouco convivi, pois ele faleceu eu tinha apenas onze anos. Só que ele não tinha esta compreensão, nem da vida, nem de Felicidade. Ele era o típico “macho das antigas”. Olhos azuis, terno branco, chapéu cinza – esta é a imagem que eu gravei e retive na memória do homem que abraçava Felicidade na alcova e com ela teve sete filhos.

Eu não posso dizer que interagi com meu avô. Mas com minha avó eu compartilhei desde a água que ela colocava na bilha para refrescar, até o calor do seu carinho que não precisava nem de abraços. Eles sobreviviam em seus olhos verdes que me projetaram esperança para toda a vida.



Mário Feijó (20.06.12)

DO CÉU A BENÇÃO


DO CÉU A BENÇÃO



Gotas insistentes

Chuva intermitente

Abrem-se flores



Mário Feijó

19.06.12

DOCE AMOR


DOCE AMOR


Há um gosto de algodão doce
Alegrando o meu dia
E são estas nuvens tão brancas
Que agora estão ali no céu 

A doçura vem de ti
Do amor que tu exalas
Do teu cheiro de canela
Da maciez das ovelhas 

E lá no céu um rebanho
Inteiro se forma
Enquanto eu olho pra cima
E penso em ti... 

Sempre que eu me abro ao amor
Fica no céu da minha boca
Este gosto de nuvens
Este gosto de algodão doce... 

Mário Feijó
19.06.12

segunda-feira, 18 de junho de 2012

MOEDA DE TROCA

Autor: Mário Feijó técnica: Acrílico sobre tela e carvão.

MOEDA DE TROCA 

Alguns dizem que ela lucrou
Quando me preferiu
Porém eu não sou moeda de troca
Quando o assunto é amor 

Opta-se por alguém
Que te encante
Que te atraia
Que te ame mais 

A mulher é uma fêmea
Como as demais
E opta sabiamente pelo macho
Que mais lhe agrada 

Algumas vezes a escolha é inconsciente
Noutras ela pondera
Finanças, prestigio e poder
Mas eu não sou moeda de troca... 

Mário Feijó
18.06.12

ENGANOS


ENGANOS



Ele era um menino

E será uma eterna criança

Sorriso franco pensa que

Jamais envelhecerá, feito eu...



Mário Feijó

18.06.12

ELA


Técnica: Acrílico sobre tela. Autor: Mário Feijó
ELA



Dela restou uma boca

Presa na parede

Comera meu sorriso...



Mário Feijó

18.06.12

domingo, 17 de junho de 2012

MULHER DE 40


MULHER DE 40 

Quando eu vi aquela mulher
Cheia de vida e charme
Plena de maturidade pronta pra mim,
Percebi estar pronto pra ela 

Antes não! Antes eu não estava!
Eu não estive pronto pra ela
Quando tinha vinte e poucos
Tampouco quando passei dos quarenta 

Mas agora sinto estar
Agora eu abro meus braços
E ela cabe neles
Eu maduro e ela pronta 

E há amor como tempero
Há calor em nossos abraços
Há caldo de fruta madura em nossos beijos
Os meus são de Jabuticaba e os dela de Caqui... 

Mário Feijó
17.06.12

TIGRESA




TIGRONA


Tigresa
        Cadê a tua pele tigrada?
                O teu olhar feroz?
                As tuas garras? 

Eu não vi nada disso
        Apenas um doce sorriso
Uma entrega de filha
Ao acariciar outra fera
E ao falar de tua cria 

Tigrona
        O teu sorriso envolve
        As tuas garras afiadas foram limadas
As tuas presas seduzem
Quando te aninhas nos braços de teu par
Que domado apenas chamas de “cheiro”
Eu adorei te conhecer fora da jaula... 

Mário Feijó
17.06.12

sábado, 16 de junho de 2012

AS BRUMAS DO OLHAR DE FELICIDADE


AS BRUMAS DO OLHAR DE FELICIDADE



Hoje foi um daqueles dias

Que eu me lembrei das brumas

Do olhar de vovó Felicidade



Havia brumas por todos os lados

Olhos azuis esmaecidos

Que me seguiam por todo o dia

Até que com a noite as brumas sumiram



A Felicidade pode ter ido

Mas conversa comigo

Através das coisas da natureza

Vou plantar cafezais pra você



Vou torrar seus grãos no fogão à lenha

Vou moê-los num pilão, se a vida deixar,

E depois vou coá-los num coador de pano

E degustá-los sentindo os cheiros de felicidade...  



Mário Feijó

17.06.12

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O QUE RESTOU DE NÓS?


O QUE RESTOU DE NÓS?

Cheiros?
Medos?
Saudades?
Respeito? 

Receios
Egos inflados
Cinzas
Mar 

É assim que somos
Resíduos do tempo
Resquícios de memória
Dores de saudade 

O que restou de nós
Cabe somente dentro de mim
Ninguém além de mim lembra-se de nós
Alguns até lembram-se de ti somente... 

Mário Feijó
15.06.12

quinta-feira, 14 de junho de 2012

SEM PERDÃO



SEM PERDÃO



Eu posso perdoar o sol
Que queima a minha pele
Que seca a terra inóspita
E até os vendavais violentos 

Porém é difícil perdoar
Tuas mentiras, tuas traições
E te aconselho a procurar outra
Que queira ser enganada, eu não 

Para mim ficarás sem perdão
Até que um dia faças chover no deserto
Que transformes os polos em florestas
Ou que o sol esfrie por completo 

Tu não imaginas o teu estrago
Com a minha credulidade nos homens
Com a minha fé no amor
Agora adubo as terras do meu coração
Esperando que volte a florescer... 

Mário Feijó
14.06.12



Tema: SEM PERDÃO
Fornecido pela amiga Gema Moroni

quarta-feira, 13 de junho de 2012

OS AMANHÃS E A MINHA INCOMPETÊNCIA EM VIVER O HOJE


OS AMANHÃS E A MINHA INCOMPETÊNCIA EM VIVER O HOJE



Hoje eu me questiono sobre os amanhãs. Houve um tempo dos hojes e um outro tempo dos ontens, mas agora eu me pergunto sobre os amanhãs.

Quem já enfrentou a morte por algumas vezes, ou tem vidas de gato ou tem que viver emoções fortes. Porém eu não posso deixar de pensar nos amanhãs.

Algumas vezes o amanhã me assusta. É horrível não ter controle da sua vida. Não saber o que acontecerá. E ainda há os momentos em que preocupado com isto, dá um branco na mente. Há um susto inexplicável que por pouco não vira surto.

Vivemos uma vida tão efêmera. Tudo tem acontecido muito rápido.

Ontem eu pensava ter uma vida estabilizada. Pensava que era feliz. Estava acomodado e não queria nada além do que vivia. E num ontem muito próximo vivi as piores experiências que alguém já pode ter vivido. Cheguei a experimentar o inferno aqui mesmo, bem pertinho de onde estou. Conheci o demônio e seus asseclas e poucos anjos me estenderam a mão.

Hoje eu vivo uma crise de questionamentos. Tenho dúvidas a respeito de tudo. Não acredito na minha competência e penso que tudo o que faço não tem o mínimo valor. Escrevo por escrever, pois penso que me faltam técnicas, mas o faço com o coração. Críticos não querem saber de coração, querem saber de técnica e me faltam muitos compêndios para ter o mínimo de técnica.

Adoro pintar e parei de fazê-lo por vários motivos. Um deles é a falta de espaço para tanta produção o outro e a “desova” de tanta quinquilharia. Sem contar que queria mais técnica e quanto mais aprendo mais percebo que nada sei...

Um dia fiz faculdade de administração que, agora aposentado, pouco uso no meu dia a dia. Seria por incompetência? Deve ser, pois eu estou me tornando um especialista em incompetências.

Faço o que posso pelos amigos, pelas pessoas que gosto, pelos filhos, pelos netos, mas por incompetência não sou compreendido. É horrível viver assim e eu não descubro a fórmula para corrigir nada disso. E de vez em quando até faço cursos de aperfeiçoamento, mas eles só me dão uma certeza: não consigo ser perfeito. Então por isto eu me julgo incompetente. Até para viver eu não estou tendo competência.

O amanhã me assusta. E me assusta levar uma vida inteira para aprender e não conseguir ser competente. Nem asas ganhei e nesta altura da vida eu já deveria ter duas...



Mário Feijó

13.06.12

terça-feira, 12 de junho de 2012

NAMORO QUENTE


NAMORO QUENTE 

Em tempos de inverno
Os namoros têm que ser quentes
Até porque na vida
Ou você é quente ou é frio 

Não dá para ser morno
Somos latinos e tropicalientes
Estamos na linha do equador
E morno só o tempo do outono 

Eu não posso esperar
A vida passar
Deixar tudo esfriar
Quando o que eu quero é calor 

E quando se trata de amor
É... ou não é... não dá para talvez
Por isto o namoro é quente
E quem tiver juízo que se cuide... 

Mário Feijó
12.06.12

ETERNO ENAMORADO


ETERNO ENAMORADO 

Parece que foi ontem
Quando o tempo não existia
Que eu me enamorei de ti 

Depois disto já vi tempestades
Flores que se abriram
E muitos frutos que elas geraram
E tu foste embora numa estrela cadente... 

A minha pele envelheceu
Sob a luz do sol
E eu experimentei outras bocas
Esquentando meu corpo em outras camas 

Sou um eterno enamorado
Mas sucumbiria esperando
Que voltasses numa outra lua
Quiçá montada num cometa... 

Mário Feijó
12.06.12

LUZES DE VAGALUMES


LUZES DE VAGALUMES 

Eu te quero assim
Dengosa em meus braços
Numa entrega total
Onde o amor faz milagres 

Encantado eu danço
Na luz dos vagalumes
Que piscam sobre um manto negro
Porque no teu céu tem mais estrelas 

E sob sagitário danças as ninfas
Como se fossem curandeiros
Em noite de magia e cura 

Eu sou assim:
Luz que dança
Em noite escura
À procura do raio eterno... 

Mário Feijó
12.06.12

segunda-feira, 11 de junho de 2012

MENINO PASSARINHO


MENINO PASSARINHO 

Pobre menino tolo
Que sentiu inveja de mim
Mal sabe você que
Meu encanto é ser verdadeiro 

Pobre menino tolo
Que não aprendeu a amar
Que antes pensava que
Não precisa a menina encantar 

Preocupava-se mais com a cigarra
Deixava as formigas trabalharem
Pobre menino tolo
Nunca cuidou do seu lar 

Um dia estava fora do ninho
Era um menino passarinho
Estava sempre a voar
Veio um outro passarinho e tomou o seu lugar... 

Mário Feijó
11.06.12

O TEMPO


O TEMPO



O tempo faz coisas com a gente
Que nem nós mesmos acreditamos:
Faz a gente mudar de opinião
Faz a gente amar a quem nunca pensamos amar
Faz a gente envelhecer
Coisa que quando somos jovens
Pensamos que não possa acontecer...

Faz a gente fazer o mesmo com os filhos
Que nossos pais faziam conosco
E achávamos um horror...

O tempo muda o nosso olhar
Muda a nossa visão de mundo
A visão que tínhamos a nosso respeito
E a visão que temos ou tínhamos do outro...

O tempo é como a água na pedra
Tanto bate que um dia fura.

O tempo que parece não passar
É cruel com a gente
Transforma-nos por fora
Piorando aos olhos dos outros
Mas por dentro faz milagres
E quem não se curva com o tempo
Como faz o bambu diante do vento

O tempo quebra as resistências
Transformando o aprendizado em dor...
No entanto quem com o tempo aprende
Estende os braços, dá amor,
O tempo é capaz de milagres
Faz de nós seres melhores
Transforma aprendizes em mestres
Faz de nós seres de luz... 

Mário Feijó
11.06.12

BANHO DE ERVAS


BANHO DE ERVAS 

Hoje é um dia
Que eu vou fazer algo especial
Vou cuidar do meu corpo
Como cuido do meu espírito 

Vou tomar um banho de ervas
Preparado com muito mel
Afinal de contas amanhã
É dia dos namorados 

E tal como todos os amantes
Quero dar a ela um presente especial
Quero dar-lhe meu corpo
Muito bem tratado por mim 

E depois com todo cuidado
Fazer o mesmo com ela
Desembrulhando cada laço
Depositando em seu corpo meus beijos e abraços... 

Mário Feijó
11.06.12