quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PECADO ORIGINAL

 

Havia uma pedra
Bem no meio do caminho
Estava sobre nossas cabeças
E tudo virou sombra, escuridão 

As noite não passam
De dias escuros
Que se escondem
Sob o luar, sob as estrelas 

E a grande pedra
Algumas vezes brilha
Noutras também
Envergonhada se esconde 

Por que será
Que todos se escondem
Envergonhados certamente
De seus pecados originais... 

Mário Feijó
28.11.11

EM NOME DO PAI




Eram apenas flores
Grávidas e sem cheiros
Frutificadas no campo santo
Sem pecado original 

Uma virgem no solo pisou
E todos os campos floriram
Lírios, cravos, alecrins
Sorriram em azul 

Efeito girassol
Óleo violeta ungia as cabeças
Que pensavam em orgias 

Em nome do pai
Teu perdão abençoa
Enquanto a criança chora
E a falsa mulher sorri 

Mário Feijó
29.11.11

VOCÊ É UM VENCEDOR






Eu nunca pensei que chegaria aos sessenta anos. No entanto ao chegar lá eu acho tão pouco tudo o que e vi. Eu continuo sonhando, mas a vida quer me obrigar a achar que sou velho. E as pessoas ao meu redor não ajudam, elas também pensam que eu sou velho. Mas eu não sou. Existe dentro de mim uma energia que me diz, esta história de velhice é para quem está doente, do corpo ou da cabeça. Eu apesar dos percalços da vida, não me acredito velho, nem doente.

Todos nós somos uma ilha. Eu acredito nisto, pois dentro de nós só habita um ser: EU. Quando isto não acontece, deixamos de sermos nós mesmos ou passamos a ser “perturbados” porque deixamos outras energias a interferir na nossa. Nosso corpo é uma casa que nos foi doada, para habitarmos enquanto vivermos. Então só depende de nós quem habitará este corpo, quem irá frequentá-lo, e tudo o que colocamos para dentro de nós é responsabilidade nossa, do alimento a drogas. São escolhas que fazemos a partir do nosso livre arbítrio e devemos arcar com as consequências desta decisão.

Quando eu era criança pensava que pessoas com mais de quarenta anos eram velhas. Como eu fui tolo, como as pessoas que pensam assim são tolas. É exatamente a partir dos trinta-quarenta anos que nos tornamos mais conscientes de nós mesmos. É a partir desta idade que ganhamos maturidade naquilo que produzimos. É a partir desta idade que tudo o que fazemos tem mais qualidade.

Eu só vejo um problema quando vamos ganhando idade: é que vamos mais e mais sendo abandonados. Vamos conhecendo a solidão de si mesmos. Mas é uma consequência natural, pois passamos uma vida inteira ao lado de um monte de gente e algumas vezes esquecemo-nos de passar alguns momentos conosco. Esta solidão é benéfica. Quem não consegue ficar bem consigo mesmo é porque nunca foi boa companhia para os outros.

Minha vida foi construída para fazer de mim um ser melhor. Portanto eu nunca procurei acumular coisas. As pernas algumas vezes cansam então eu precisei ter um carro. O corpo se debilita ao relento, portanto eu precisei ter uma casa. Não precisa ser minha, pode ser alugada ou de alguém, mas eu preciso me abrigar. Por isto eu me ensinei a ser feliz. Eu me ensinei a me contentar com pouco. Isto não quer dizer que eu não tenha lutado por mais, por ter, por fazer. Lutei sim, mas isto nunca foi importante. Também tentei ensinar isto aos meus, mas cada um aprende do seu modo.

Eu estou completando sessenta anos de vida. Alguns até dizem que não aparento, mas não é isto o que importa. O que importa é o que eu sinto, como me vejo diante da vida, como me coloco diante do universo, minha relação com os demais seres que habitam este planeta. Minha relação com a natureza. Jamais estive tão lúcido em relação a mim e em relação ao que eu represento neste planeta. Isto não pode ser velhice, isto é sapiência, isto é vivência saudável, isto é felicidade. Se os outros não me compreendem, se os outros não me entendem isto não é culpa minha, é falta de maturidade do outro, mas este outro também não tem culpa. Somos somente seres humanos em aprendizagem, somos espíritos em evolução.

Erros no caminho todos cometeram: eu e os outros. Temos é que nos perdoar uns aos outros. Temos é que perdoar a nós mesmos. Ser compreensivos em relação aos outros, ser complacentes conosco.

Este é um momento de comemorar? É sim. Todos os dias são momentos de comemorar: estamos vivos. Bem ou mal estamos vivos. Temos consciência de nós. Então devemos comemorar e agradecer a todas as energias que nos mantiveram vivos. Quem acredita em Deus agradeça a Ele pela sua existência. Quem não acredita agradeça a qualquer coisa, agradeça aos seus pais por terem lhes dado a vida, agradeça aos filhos que teve, agradeça à natureza por ter lhe dado alimentos, por ter lhe dado água, ao sol por ter lhe dado luz e energia, agradeça aos ventos, agradeça ao ar. Há muitas razões para se viver. Algumas delas até desconhecemos, outras estão à nossa volta... Sempre nos sobram mãos e braços estendidos em nossa direção. Exigir que estas mãos e estes braços sejam dos filhos, dos irmãos, dos parentes é demais. Agradeça mesmo quando estas mãos e estes braços forem de um enfermeiro num hospital ou de um desconhecido quando você estiver no chão. Isto é saber viver. O resto não importa. Você está vivo. Você é um vencedor.



Mário Feijó (30.11.11)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CONVERSA DE AMIGOS





Ontem à noite
Quando conversei com o vento
Como há muito não fazia
Trocamos confidências 

Andava eu em minhas reminiscências
E ele por aí com a brisa do mar
Ambos decepcionados, solitários
Foi um encontro para conversar 

Contei-lhe minhas aflições
Dividindo nossos segredos
Segredos que eu
Nem pensei que tinha  

Ele soprou-me paz
Disse-me vir um tempo de bonança
E que eu acreditasse no amor
Haveria um encontro com o tempo...


Mário Feijó
28.11.11

domingo, 27 de novembro de 2011

UVAS VERDES






Algumas pessoas
Assemelham-se a uvas verdes
Têm pela vida um amargor
E deixam seu gosto na boca 

A maioria é mulher
Ou pensam que são
Um bicho qualquer
Pronto para atacar 

Não se amam
Tampouco amam os outros
E gestos de amor
São mal interpretados 

Há mulheres assim
Uvas que poderiam amadurecer
Mas passam pela vida travando
Serão eternas uvas verdes
Até apodrecer...


Mário Feijó
27.11.11

A VIDA É DOCE






A vida é mais doce
No sabor de um beijo
Há muitos beijos mentirosos
Beijos amargos, beijos falsos 

A vida é mais doce
Quando se ama
Quando se acredita no amor
Quando embarcamos na fantasia 

A vida é mais doce
Quando fazemos
Quando acreditamos
Quando temos fé 

A vida é mais doce
A favor do vento
Quanto existe tempo
Para você acreditar... 

Mário Feijó
27.11.11

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ESPIRITO ASPIRANTE





Do sopro sobrou apenas
Um espírito benfazejo
Refletindo sua luz essencial
Azul, cálida e suave 

Foi o que sobrou
Daquele sopro de vida
Que agora espírito
Não mais respira 

Apenas suspira e aspira
Como todos os novos espíritos
Aspirantes à vida eterna 

Mário Feijó
24.11.11

TREZE ROSAS






Trago-te hoje
Treze rosas roxas
Poderiam ser vermelhas
Brancas ou amarelas 

Porém são rosas roxas
Rosas rubras putrefatas
Assassinadas na esquina
Na mão direita ensanguentada 

Trago-te treze rosas pálidas
Sem qualquer vestígio de hemoglobinas
Lábios desfigurados 

Cálidos à espera de um beijo
Começo ou despedida
Tudo dependerá do desejo 

Trago-te treze rosas roxas
Aqui e agora
Espinhos nas mãos
Cravos no coração
Tome! São tuas! 

Mário Feijó
24.11.11

SINTO VOCÊ EM MIM



Eu nunca ouvi teu choro
Tampouco ouviste o meu
Já ouvi o teu riso
Porém tu nem viste um sorriso meu 

O nosso sol é o mesmo
E brilha pra nós na mesma hora e local
A lua e as estrelas são as mesmas
Que brilham para nós dois 

És a minha perdição
Porque eu já senti teu cheiro
Quase o gosto que têm teus beijos
Eu já senti nos sonhos meus 

Eu sinto tua pele
Nas minhas mãos
Sinto o teu paladar
No céu da minha boca 

Mário Feijó
23.11.11

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ROSTO ESCONDIDO





Há rostos escondidos
        Atrás de máscaras
Atrás de mentiras
Na frente de espelhos
Na frente da inveja 

Há rostos escondidos
Em lágrimas
Na poeira
Na sujeira
E na falsidade 

Há rostos escondidos
         No medo
Por trás das mãos
E de cinco dedos 

Mário Feijó
23.11.11

terça-feira, 22 de novembro de 2011

DEPOIMENTO DE VIDA






Durante a minha vida inteira eu pensei que ao chegar aos sessenta anos seria um inútil, que a gente não namorava mais, pois não tinha mais tesão. Ledo engano.

Também pensava que a gente ao se aposentar ficaria em casa de pijama, tomando remédios, esperando a morte chegar.

Descobri também um monte de coisas, que a juventude faz a gente pensar a respeito dos mais velhos e que são erros ou mitos.

Eu gostaria de depor aqui que tudo o que eu fazia quando era mais jovem faço agora. É óbvio que tudo tem limites e temos que perceber que, um homem de sessenta anos, não ficaria bem com um corte de cabelo tipo “gambá”, usado pelo Neymar. Da mesma forma também é ridículo uma mulher com esta idade com micro saia ou blusas “baby look”. Têm coisas que só o bom senso e o desconfiômetro mostram o caminho certo.

Não podemos acreditar nestes mitos do passado. Antigamente as pessoas envelheciam aos quarenta anos. Os tempos mudaram. A qualidade de vida das pessoas hoje é outra e pode-se manter saudável e produtivo até oitenta anos ou mais. Tudo depende da cabeça da pessoa.

Se você parar de sonhar, de criar, de produzir irá envelhecer, e isto não depende de idade. Depende da inteligência, da fé, do que a pessoa faz, e de não ter uma vida absolutamente sedentária.

Dar um passeio, caminhar, ler, escrever, pintar, cantar, ouvir música são coisas fundamentais na vida de qualquer pessoa, tenha ela a idade que tiver.

É importante não se tornar ranzinza com qualquer coisa e, ter consciência disto, para se corrigir. Também é importante aceitar as mudanças de comportamento. Pudores demasiados é sinal de velhice. Hoje muita coisa pode.

Não julgar os outros, não se punir com culpas, perdoar a si mesmo e aos outros, são alguns conselhos para se manter jovial. Quando puder dançar dance, se a vida lhe apresentar situações que tiver que cantar, cante. Sorria. O sorriso ajuda com os músculos da face e facilitam a elasticidade do rosto e dão mais alegria à sua vida. Então sorria. Cumprimente as pessoas e observe o mundo. Há poesia nele.

E por falar em poesia, ler qualquer coisa é importante, mas ler poesia dá elasticidade ao cérebro. Então pense nisto e pratique. A velhice não está no corpo das pessoas, mas na forma como elas pensam sobre si mesmas. Não se isole nunca. O isolamento leva à depressão e depressão é um curto caminho para a velhice e para a morte.

Tenha fé: em você, em Deus, em deuses, nos outros, em qualquer coisa, mas tenha fé. Ela é importante em nossas vidas...



Mário Feijó (22.11.11)        

ERRAR É HUMANO



                               Nada lhe posso dar que já não existam em você mesmo.
                                           Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além
                                                          daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a
                                          não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.
Hermann Hesse

É tão pouco
Tudo o que eu quero
Sem ferir ninguém
Sem maldade alguma 
        Mas eu sou humano
        E humano erra 
Eu luto pelo que acredito
Eu dou o meu melhor
Eu sou perfeccionista 
        Porém sou humano
        E humano erra 
Muitos me julgam
Outros me condenam
Mas ninguém olha pra si
E deviam, porque:       
        Somos humanos
        E humanos erram... 
Mário Feijó
22.11.11

domingo, 20 de novembro de 2011

NO VELÓRIO





No velório havia café, chá, salgadinhos, água gelada, bolachinhas, salgadinhos e fofoca. No menu além de todas as iguarias havia o defunto como assunto. Este já fora execrado à boca pequena. Mas o tema não rendeu muito porque o homem era bom, pobre diabo. Então o assunto não rendeu muito.

Vanda Maria procurou outras vítimas já que o falecido foi marido de sua amiga, até ontem à noite.

- Você e eu precisamos emagrecer menina. Disse ela à Tereza.

- Eu já perdi quase dez quilos. Argumentou Tereza, querendo se livrar da prima. Mas Vanda não perdoou e perguntou:

- E seu marido? Como Está? Outro dia encontrei com ele. Que homem lindo!

- Nós nos separamos querida. Disse Tereza.

- Então é por isto eu você engordou deste jeito. Disse Vanda Maria à prima, de soslaio, e foi falar com outra Candinha.

Tereza ficou rosa choque e esqueceu aonde estava, querendo avançar na outra. Foi contida por colegas próximas que apreciavam a contenda, mas que não queriam perder o show gratuito.

A viúva inconsolável (minto, a viúva não estava inconsolável. Parecia estar numa festa de formatura agradecendo um diploma pelo qual havia lutado há anos).

Será que ficamos assim tão felizes depois de quarenta, cinquenta anos de convivência, quando o companheiro morre? Não sei! O mundo mudou, mas ninguém é obrigado mais a aturar o outro até à morte...

- Caros amigos, familiares e conhecidos do Sr. Francisco, homem bondoso e membro da Igreja (mentira). Dizia o padre.

- Vamos rezar e pedir pela alma deste nosso amigo (o padre não conhecia o morto, a mulher ele conhecia porque esta era da congregação).

Enquanto o padre rezava. Num momento de descuido, Tereza e Vanda Maria, as primas, atracaram-se e caíram na vala aberta para o defunto (que por pouco não se revirou no caixão).  



Mário Feijó

20.11.11


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O QUE É POESIA






Poesia é a forma de se contar
O que se passa dentro de nós
Através das coisas simples
Que acontecem ali fora...

Mário Feijó



O sol fica mais lindo
Quando eu estou feliz
As estrelas até me piscam
E as flores se abrem com prazer 

A poesia entra na nossa mente
Mas sai mesmo é do coração
Na poesia não há razão
Ela vai além da compreensão do sentir 

Somos meio loucos quando amamos
Também somos assim
Quando fazemos poesia
Quando escrevemos poemas...


Mário Feijó
18.11.11

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AS PESSOAS MENTEM



Algumas pessoas mentem
Mesmo quando olham nos olhos
Mesmo quando derramam lágrimas
E fazem a gente chorar

Algumas pessoas mentem
Por amor, por necessidade,
Por maldade, para viver,
Por profissão ou por prazer

Algumas pessoas mentem
Olhando flores
Tecendo amores
Criando relações...

Algumas pessoas mentem
Mesmo quando o vento fala verdades
Mesmo quando a lua exala paixão
E quando colibris fazem amor...

Mário Feijó
15.11.11

CORAÇÃO SOLUÇANDO




Eu sou um menino
Cheio de sonhos de adulto
Que às vezes pensa como bicho
Noutras apenas namora o vento

E você por onde anda?
Não tem sonhos menino?
É um velho criança
E se esqueceu de viver...

Por onde andam teus sonhos?
Em que esquina você se perdeu?
Não ouve o sussurro das ondas
Tampouco namora as sempre vivas...

Ainda há pouco chovia
Eu ouvia teu coração soluçando
És agora um velho cansado
E teus lábios desaprenderam beijar...

Mário Feijó
15.11.11

AMOR É SEMPRE AMOR






Eu te amei tanto
Que algumas pessoas
Passaram a me odiar
Por causa deste amor 

Você poderia tê-lo preservado
Somente pra você
Mas quis exibi-lo como troféu
E nem, ao menos, me amou 

Ah! Eu te amei tanto
Que o mar por alguns dias
Levava suas ondas de volta
Sem querer aos meus pés tocar 

Só a luz me entendia
Brilhando sobre a minha cabeça
Como se dissesse não desista!
Amor é sempre amor! 

Mário Feijó
16.11.11

VIDA DE BORBOLETA





Algumas vezes eu penso
Que a vida é célere demais
Você ainda a tem por inteira
E a minha acaba-se com você 

Última chance de amor
Penúltima chance de amar
O vento que se espalhou ontem
Não é mais o mesmo
Que amanhã soprará 

Eu não queria somente ser usado
E depois descartado feito trapo velho
Acabaram-se nossas chances
O nosso filme já foi rodado 

Eu sou assim meio borboleta
Vivo um dia da tua vida
Enquanto tu ainda és lagarta
Que percorre no meu jardim...


Mário Feijó
16.11.11

domingo, 13 de novembro de 2011

Poetrix


CHUVA DE VERÃO 

Cai a chuva
Plantas reverdecem
Pássaros banham-se 

Mário Feijó
11.11.11


NO CINEMA 

Lábios mentolados
No flagra
Uma lanterna acende 

Mário Feijó
11.11.11 

ESTAÇÕES 

Passa uma nuvem
No verão chove
No inverno neva 

Mário Feijó
11.11.11 

RUA TEM DONO 

Formigas apressadas
Cargas pesadas
Caminhão transportou 

Mário Feijó
11.11.11

OS VENTOS ME COMPREENDEM






Lembra quando eu
Conversava com a passarinhada?
Pois é! Agora esqueci
Só guardei deles o sotaque 

Os ventos me entendem
Enquanto as ondas
Debatem-se querendo
Chamar a minha atenção 

A natureza me entende
As pessoas não
A natureza entende a vida
E as pessoas nem da morte 

Sorte dos pássaros
Que tudo aceitam
Sorte dos ventos
Que me compreendem


Mário Feijó
13.11.11

UM VELHO FAROL





Simples luz

Que atinge tão longe

E no horizonte

Mostra um caminho



Perde-se quem quer

O velho farol

Está lá aceso

Como no fim do túnel



Mário Feijó

13.11.11

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ENTRE UMA TEMPESTADE E OUTRA











Aproxima-se o final do ano. Daiane encantada descobre que no litoral gaúcho as escolas levam seus alunos para comemorar o encerramento do ano letivo, num dos parques aquáticos locais.

Chegou em casa fazendo planos e contando que em Fortaleza tem o Beach Park, um dos maiores e melhores do nordeste. Mas ela nunca pode ir. Então pensou, aqui eu vou.

Os meninos, como ela chamava, Márcio e Marcos, tinham ido para Porto Alegre arrumar apartamento, verificar a possibilidade de fazerem suas transferências para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Também caso ficasse difícil iriam ver preço de mensalidades e matrículas na PUC/RS, tudo conforme tinham combinado e planejado fazer para o próximo ano.

Daiane convidou Dona Maria de Lourdes para ir junto, tão eufórica estava, mas esta disse, isto é coisa para a tua idade guria. Eu já estou muito velha para isto.

Daiane foi no comércio procurar um maiô, visto que não tinha nenhum ainda, e pensou que biquíni não ficaria legal escorregando naqueles tobogãs altíssimos. Além do mais os meninos não estariam juntos para protegê-la.

Fez uma cesta com lanches, água, refrigerante, tudo como manda o figurino, já que nestes locais os lanches, geralmente consomem todo o dinheiro, de quem já tem pouco, pensou ela. Ah, ia me esquecendo, tenho que colocar também filtro solar, não quero ficar ardida e nem vermelha, feito camarão ao bafo.

Chegou o grande dia. Daiane estava feliz porque tinha passado em todas as disciplinas. Era sim motivo para comemorar esta sua nova vida. Pegou sua cesta, toalha de praia, chapéu e todas as parafernálias que juntou para levar e foi pra frente do colégio se juntar aos colegas, esperando o ônibus que os levaria ao parque aquático.

De repente começou a cair um vento forte, o céu foi escurecendo e todos começaram a ficar apreensivos com o desfecho que o tempo poderia tomar.

- E agora? Dizia Letícia, colega de Daiane.

- Meu Deus do céu, eu me preparei a semana inteira para este passeio. Será que irão suspender? Dizia, entre apreensiva e decepcionada Daiane.

Correram todos para dentro do colégio, enquanto o tempo fechava e um grande temporal caia.

Foi um daqueles temporais devastadores, como nunca se viu nos últimos tempos. Teve até furacão. Árvores foram arrancadas, casas destelhadas e duas mortes na cidade.

Os professores ficaram sabendo que o Parque havia sofrido danos sérios e que por este motivo o passeio seria adiado.

Menos de duas horas depois o tempo mudou, como se não tivesse acontecido nada.

Daiane convidou as colegas para que fossem então todos para a praia passar o dia, só assim todos os preparativos não seriam desperdiçados.

Daiane entre decepcionada e preocupada com tudo o que o tempo causou na cidade e região, resolveu que tempestades sempre aconteceram em sua vida e não seria esta que iria derrubar o seu bom humor. O parque aquático podia esperar...



Mário Feijó

07.11.11

 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

JOGO PERIGOSO





Depois que aprendi a amar
Descobri que não viveria
Mais sem teu amor 

E descobri que teu toque
Incendeia a floresta úmida
Que é o meu corpo 

Eu também descobri
Que as tuas digitais
São imprescindíveis
Na minha pele
E que o meu sangue
É combustível de amor 

Você faz um jogo perigoso
Quando tenta me seduzir
Para logo em seguida
Fazer-se bela e adormecida 

Depois eu também descobri
Que o teu corpo rejuvenesce
A minh’alma menina esmorece
Ao simples toque do teu olhar... 

Mário Feijó
07.11.11

SESSENTA ANOS EM SESSENTA SEGUNDOS






Era tão macia e quente
Que mais pareciam
Lábios molhados ardentes
Excitados ao toque do amor 

E da tua boca
Apenas um sussurro saia
Temendo acabar o encanto
Que se escondia no silêncio 

Mas era um amor consentido
Onde pouco tempo depois
Apresentou a cobrança
Daquele consentimento 

E o menino saciado
Descobrira o sexo
Quando lhe disseram:
Você vai ser papai! 

Mário Feijó
07.11.11

MUITOS SÃO OS CAMINHOS









Muitos são os caminhos, mas só um nos leva à verdade. A descoberta do caminho nos leva à evolução espiritual e ao conhecimento de si e das coisas de Deus.

Quando acreditamos, sem contestações que somos seres espirituais vivendo uma experiência evolutiva, não precisaremos mais explicar a mediunidade. Verdades não se explicam. É uma questão de aceitação somente e, isto só acontecerá pelo conhecimento, pela evolução e pela fé espiritual.

Há graças sim. Há curas sim. E todas acontecem pelo exercício da fé. Deus é amor e tudo pode. Nós, que aqui vivemos, viemos para trocar experiências de amor.

Quem quer curar o corpo físico tem que aprender a curar seus pensamentos e a dar uma ordem positiva a eles. A cura do corpo físico implica antes na cura do corpo espiritual.

Quando se fala em perdão queremos esclarecer que, primeiro, temos que perdoar. Quem não sabe se amar, quem não consegue se perdoar, não saberá fazer isto com os outros. Ame-se! Perdoe-se! E depois conversaremos.

Quem aprende, tem ainda, a missão de ensinar. O aprendizado é coletivo. Ninguém aprende só para si, aprende para ensinar, para evoluir e para praticar a caridade com seus irmãos, com seus amigos ou parentes, mas também com a sua comunidade.

Todos que se dizem espíritas e acreditam nas leis da doutrina espiritual têm que ser humildes.

Não basta ter fé, acreditar, fazer a caridade, praticar o amor, sem estar imbuído da humildade. O exercício destes sentimentos é que nos libertará deste planeta e nos levará a outros estágios, dentro de uma evolução espiritual.



Mário Feijó

(intuído pela espiritualidade)

03.11.11

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CANÇÃO ENCANTADA






Os lábios que toquei

Cantam ao vento

Como se fossem sereias



Mário Feijó

07.11.11

AS PELES DE MARIA






Eriçada pele
De ovo macia
Marta hirta
Morta vadia 

Caça violentada
Nos casacos de Maria
Numa taça de Möet Chandon
Angustiada se sacia  

Sozinho e deprimido
Falido está seu amante
Geme sua artrite
Esperando que a crise passe
Na belíssima Wall Street 

Disfarçada de menina
Pensa Maria nas peles
Na vida fácil cada vez mais difícil
Enquanto acaricia
Sua pele envelhecida  

Mário Feijó
07.11.11

SUAVE






Sopra o vento
Apenas sopra
Suavemente
Como se fora
Asas de inseto
Abanando a flor
Que desvirginada
Entrega seu pólen  

Enquanto isto
No jardim
O colibri volúvel
Beija todas as flores
Delicado, suave... 

Mário Feijó
07.11.11