quarta-feira, 8 de junho de 2016

NUMA TARDE DE OUTONO TRANSBORDEI MEUS SONHOS

NUMA TARDE DE OUTONO TRANSBORDEI MEUS SONHOS

         Era uma bela tarde ensolarada. Estávamos no final de outono e o inverno se aproximava célere. A noite não fora somente gelada, fora enregelante. No entanto o dia amanhecera com o sol tomando conta de todo o céu límpido e azul.
Eu havia escutado o vento a gemer suas dores reumáticas a noite inteira. As minhas guardei embaixo das cobertas, num quarto superaquecido.
Naquela tarde eu decidira sonhar. Eu não daqueles que dá guarida à velhice, nem mando o menino que em mim habita ir embora.
Convidei minhas amigas (que se dizem alunas, mas eu também aprendo com elas) para passarmos a tarde transbordando sonhos. Levei uma cesta de vime para piqueniques (era a ideia inicial) torradas, pão caseiro (feito com granola e açúcar mascavo), café, chá e poesia.
O cheirinho do pão assando me levou à Felicidade (era o nome de minha avó). O café tinha o aroma de sonhos com doce de leite e eu voltei aos meus tempos de criança. Sonhei!
Minhas parceiras criaram asas e borboletearam feito pandorgas ao vento a escrever seus sonhos. Que bom, pensei: não sou o único com fome de sonhos. Peguei uma folha em branco, coloquei fermento na minha imaginação e me pus a sovar a massa. Agora é só deixar meus sonhos transbordarem. Enquanto isto, fomos aos quitutes...


Mário Feijó
08.06.16


Tema desenvolvido em nossa Oficina Literária de hoje.           

terça-feira, 7 de junho de 2016

EU TENHO UM ANJO

EU TENHO UM ANJO

Eu tenho um anjo
Que me ensinou a voar
Faço isto em seus braços
Vou aos céus
Quando beija a minha boca

Eu tenho um anjo
Que todos os dias
Diz “eu te amo”
Com tamanha energia
Que minhas asas crescem

Eu tenho um anjo
Que além de desejar meu corpo
Deseja a minh’alma
Deseja meus abraços
E me deu esperanças

Eu tenho um anjo
Que tem cara de gente
Corpo de gente
Olhos de criança
E um amor divinal

Mário Feijó

07.06.16

segunda-feira, 6 de junho de 2016

OS SOLITÁRIOS E O INVERNO

OS SOLITÁRIOS E O INVERNO

Infelizmente eu não gosto do inverno
O inverno faz-me lembrar
Que já não sou mais menino
Tenho dores que atingem a alma
Faz-me lembrar das noites de solidão
Onde não tenho quem aqueça meu corpo
Nem tampouco tenho mais uma lareira
Que fazia eu esquecer o frio

Apesar de tudo gosto de pinha
(que só temos no inverno)
Gosto de chocolate quente
(que é bom só no inverno)
Gosto de um bom vinho tinto
À beira da lareira
(mas não tenho mais lareira)
Gosto que me aqueçam no inverno
(mas você não está aqui para me aquecer)

Então eu fecho minha janela
E por entre os vidros fico espiando
As pessoas que passam encolhidas
Pensando quem delas terá um corpo quente
Que as aquecerá nas noites de inverno?

Mário Feijó
06.06.16





sábado, 4 de junho de 2016

UM AMOR SÓ MEU


UM AMOR SÓ MEU

Eu já tive um amor assim
Era tão somente meu
Que só eu amava
Só eu beijava
Só eu fazia carinhos
E comigo gozava
As delícias do amor


Mário Feijó

04.06.06

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O AMOR É PURO

O AMOR É PURO

quando menino
ele arranhava o corpo
em paredes ásperas
fugindo da solidão

tinha um sofrimento infindo
por querer amar
criança não ama
ele não era amado

no máximo criança engana
não sabe escolher o amor
e fica pior quando a criança
acredita nisto

tornou-se homem
e perdeu o medo de amar
descobriu que seu amor nunca foi sujo
como um dia lhe fizeram acreditar

Mário Feijó
02.06.16


BONECAS SÃO POESIAS

BONECAS SÃO POESIAS

Maria Clara era poesia pura. Trajes de princesa, toda em tons de bege. Seus olhos eram grandes, feito os olhos de sua boneca (Elza), pele alva, olhos grandes e expressivos, cabelos loiros que caiam sobre os ombros, ela era pura poesia, porém não acredita nela. Quem a vestira acreditava em poesia, mas Maria Clara não. Era mais uma menina mimada que ao bater os pés conseguia tudo o que queria. Bastava olhar a submissão do pai, que foi logo dizendo “eu poderia ser o avô”. No colo ela trazia Elza, a boneca poesia. Certamente a ganhara da mãe, trazida do exterior.
Elza era loira, feito sua dona. Elza era tão loira quanto Maria Clara. Mas havia uma ruptura entre as duas. Elza era mais um adorno para aquela princesa. Elza não era um nome poético naquele contexto, era um nome antigo, certamente nome de uma avó, penso que não fora escolha de Maria Clara. Tenho dúvidas quanto a isto. Maria Clara não acreditava em poesia, tenho certeza, pois ao conversar com as duas ela me disse ela é apenas uma boneca. Não tinha dúvidas quanto a isto, nem entrou no mundo de Elza. Vi uma lágrima escorrendo no rosto da boneca quando se sentiu desprezada e encaixada na poltrona da frente a que Maria Clara e seu pai estavam em um voo de Porto Alegre para São Paulo.
Elza era apenas um apêndice na figura principesca de Maria Clara, algo que compunha seu figurino.
Quando eu quis entrar no mundo de Elza e perguntei algo a respeito dela, Maria Clara logo respondeu:
- Ela não fala. É apenas uma boneca.
Na idade de Maria Clara esta é uma percepção muito adulta. Cinco anos é a idade dos sonhos. Acredita-se em tudo e, realidade e fantasia, fazem parte de um mundo só. Depois, ao nos tornarmos adultos, praticamente descartamos as fantasias. Ficam os sonhos que já não são mais perseguidos porque desacreditamos na fantasia. E a poesia que mora dentro do mundo da poesia então: inexistirá para quem não persegue sonhos. Embrutecemos! É tão cedo para desacreditar dos sonhos, em idade tão tenra, pensei. Mas eu posso estar errado...
Bonecas são a chave para o mundo da fantasia. O mundo das bonecas é um mundo poético e aquela boneca era pura fantasia. Descobrir que uma criança não acredita em fantasia dá um choque. Eu senti uma dor profunda naquela hora. Espero que o tempo  mude isto para Maria Clara e que aquela boneca em forma de gente, não seja a fantasia dos outros, somente a boneca do amor de alguém...

Mário Feijó

03.06.16

quinta-feira, 12 de maio de 2016

SAUDAFES

SAUDAFES

outro dia minha amiga
quase morreu de saufafes
ela pensara escrever Saudades
e saufafes registrou
espantada morrera de rir
porque eu pensara 
que se tratava de algo para comer
tipo uma salada com legumes e frango
foi então que percebera
que criara uma nova expressão
achou-se "gênia" com graça a Maria
e dizia que eu era "mestre" nas letras
como eu não poderia deixar 
passar em brancas nuvens
feito a lua crescente que se esconde no céu
registrei para indicação ao "nobel de literatura"

As saufafes de Gracinha...

Mário Feijó
12.05.16

(P.S. apenas uma brincadeira para registrar o evento)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

PERDAS E GANHOS

PERDAS E GANHOS


Era muito forte a dor que eu sentia
doía o corpo pelas sequelas da vida
e a alma pelas perdas sofridas


Ninguém me ensinou a perder
e eu dei adeus à minha mãe
quando ainda era um menino


logo depois a vida roubou de mim
um bem muito precioso
(que pela ordem das coisas foi-se na hora errada)
foi-se embora atropelado um filho criança


e eu perdi amores que não devia
Felicidade devia ser eterna
Não apenas minha avó

e a vida continua me trapaceando
espero que não seja um blefe
minha hora de ganhar


Mário Feijó
11.05.15


segunda-feira, 25 de abril de 2016

TODA A HISTÓRIA TEM DUAS VERDADES

É FATO: TODA A HISTÓRIA TEM DUAS VERDADES

Toda história sempre tem duas versões. A versão de quem a vive (que pode ou não omitir fatos) e a versão de quem observa e pela sua experiência de vida, tira conclusões.
Por isto é sempre importante argumentar e conversar sobre tudo o que vemos e também sobre o que sentimos. Por este motivo a história pode ter duas versões distintas ou contrárias e ambas verdadeiras.
Podemos dizer que só as ciências podem ser exatas (num sentido mais amplo ou num sentido restrito), no entanto mesmo a ciência pode relativizar tudo.
Desta forma, não acredite ou desacredite em tudo o que dizem. Não julgue tudo o que vê. Não julgue, de acordo com as suas experiências. Não passe pra frente o que achar ser verdade porque as aparências enganam e nem tudo que parece ser realmente é...
Pense no ditado que diz “nem tudo o que reluz é ouro”, sendo assim, o que parece ser verdade nem sempre o é... e se tratando de vivências ou de política é pior ainda... reflita.

Mário Feijó

25.04.16

domingo, 24 de abril de 2016

VOO SOLITÁRIO

VOO SOLITÁRIO

Houve um dia
Em que eu percebi
Que esvaziava pouco a pouco
Como se fosse um balão de gás
Então comecei a perder forças
Não andava mais no céu
Estava esvaziando

Quando eu me divorciei pela primeira vez
Eu me esvaziei de meus filhos
E quase me perdi pela vida
Então fiz alguns remendos e comecei
A voar novamente e ganhei altura

Tive algumas perdas neste período
Que me fizeram murchar completamente
Foram perdas de amor
Porque estas são as que mais doem
E as financeiras não nos esvaziam tanto
Perdemos somente o rumo
Mas perdas de amor
Fazem a gente perceber o quanto
O amor é importante em nossas vidas

Eu sempre amei intensamente
Tão intensamente que cada um desses amores
Fica egoísta e quer exclusividade
Foram assim: filhos, mulheres, amantes

Agora eu ando voando remendado
Porém já não voo mais tão alto
E por onde quer que ande
Olho sempre para o solo
Onde posso a qualquer momento me esborrachar...

Mário Feijó

24.04.15    

sexta-feira, 22 de abril de 2016

AMOR NA JANELA

AMOR NA JANELA

A vida exige que sejamos maleáveis.
Quem já aprendeu a fazer isto no sexo
Sabe o que é bom para o amor
E também para a vida...

Por isto eu te digo
Que me esperes no portão
Já que flores não posso te levar
Não as tenho em meu jardim
O cemitério fica longe
E no jardim da praça urinam os cães...

Por isto recicle-se
Abra seu coração
Não somente as pernas (de vez em quando)
O amor pode ser cego
Mas eu mantenho meus olhos (azuis) bem abertos...

Mário Feijó

22.04.16

terça-feira, 12 de abril de 2016

AMOR E ÁLGEBRA

AMOR E ÁLGEBRA

O amor acontece suavemente
Que nem precisa de cálculos
No entanto, para viver o dia a dia
É necessária doses diárias de:
Paciência, entrega, companheirismo,
Concessão e disposição para que dê certo

Quanto à álgebra
É necessário um grande amor
Mas pela matemática
Caso contrário não se chega a lugar algum

E quando misturamos os dois
É bom que a porta do quarto
Esteja bem fechada e que
Não haja ninguém na vizinhança
Porque vai ter muito barulho!


Mário Feijó

12.04.16 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

BOCA MOLE

BOCA MOLE

Eu lembro, hoje, com tristeza dos meus tempos de “boca mole”. Sim! Boca mole é um tipo que nada acrescente, que passa desapercebido, sem graça, quase transparente aos olhos dos que estão por perto.
O Boca Mole, na maioria das vezes quer agradar, mas desagrada. Nunca diz: NÃO! Parece uma gelatina sem sabor.
Digo lembro porque era tudo isto. Não que hoje eu não seja muitas vezes: sem graça e desinteressante (como veem a autoestima do boca mole, nem sempre melhora, mesmo quando ele deixa de ser um boca mole.
Atualmente, muitos me acha até bonito, interessante, charmoso e inteligente. Mas isto foi à custa de muito trabalho, há uma construção de imagem que leva anos para “colar”. E quando cola o boca mole não acredita.
Tenho um sobrinho que é a personificação de “bocamolice”. Também tenho um amigo assim, mas este nem é tão boca mole assim.
Nos dias atuais, quando encontro um “boca mole” fico indignado. Quero chacoalhar a figura porque sei que ele deve sofrer horrores.
Depois que deixei de ser criança (e isto já faz tempo) continuei sendo ingênuo, porém as coisas que me fizeram deixaram-me mais esperto, no entanto eu gosto de cultivar esta inocência-ingênua. Há um lado bondoso nisto que gosto no ser humano, por isto preservo, mas ser “Boca Mole” nunca mais. Quem tirou partido disto, tudo bem. Quem não aproveitou procure outro.
Meu coração está um pouco endurecido diante da vida, embora ninguém perceba que lá no fundo ele é feito de gelatina. Mas isto ninguém precisa saber.


Mário Feijó

11.04.16 

domingo, 10 de abril de 2016

ESCOLHA SUA PRIORIDADE

ESCOLHA SUA PRIORIDADE

Se você quer ser feliz, estabeleça prioridades na sua vida. Coloque-se em primeiro lugar, principalmente porque se você não estiver bem e feliz, ninguém, ao seu lado e pelas proximidades, estará.
Filhos, pais, irmãos, parceiros têm suas próprias escalas de prioridades, sem remorsos. Remorsos com o que ou quem você deixa de priorizar, com quem precisa menos. No entanto lembre-se de que cada um tem a sua vida e deve vive-la, com ou sem problemas, e não é você quem conseguirá resolver tudo.
É chegada a hora em que você envelhece e todos os outros não irão corresponder à prioridade que você lhes deu. E você vai sofrer porque estará esperando, esperando, esperando e descobrirá que todas as chances perdidas não voltam.
Olhe alguém quando adoece e veja se os que foram prioridade estão juntos, sendo solidários? Ninguém tem tempo... isto não é pessimismo, nem para desânimos, mas a realidade do ser humano.
Fique sem dinheiro ou sem emprego e veja quem estará do seu lado. E na hora de dividir uma herança, quem abre mão do que?
Então se você der prioridade à sua vida não dará tanta importância a quem não prioriza você. Isto não é defeito, não é só na sua ou na minha família que acontece. O Ser Humano é assim mesmo. Isto é regra geral... salvem-se poucas exceções.
Amigos são pessoas de uma raça diferente. São pessoas que nasceram para dar graça à nossa vida, estão sempre junto, dizem verdades que algumas vezes não queremos ouvir. Se eles puderem ajudar, ajudam. Se não puderem ficam juntos, buscam alternativas.
E a vida passa... passa. E você esquece-se de estabelecer prioridades.
Filhos crescem e vão embora. Os pais morrem. Os irmãos vão viver as suas vidas, e você? O que fez efetivamente, além de ser um “coitado” um “tadinho” aos olhos dos outros?
Priorize ser feliz. Coloque o amor em primeiro lugar. Sem culpas. Só pelo fato de que pode e deve ser feliz. Basta querer...

Mário Feijó

10.04.16

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O AMOR TEM SEUS QUERERES

O AMOR TEM SEUS QUERERES

Querer estar acompanhado
Querer sentir o cheiro
Querer dormir juntinho
Querer passear de mãos dadas
Querer comer o mesmo fio do talharim
Querer tomar banho juntos
Querer andar na beira da praia
Querer beijos ardentes
Querer passear de mãos dadas na praça
São quereres que o amor tem
E se você está sofrendo de quereres
É porque o amor chegou
Ou porque a paixão em seu corpo se instalou
Algumas vezes o amor é água
Onde temos que mergulhar bem fundo
E algumas vezes até batemos
Com a cabeça numa pedra
Mas se você quer viver a aventura do amor
(sim, o amor é sempre uma aventura
Que não sabemos em que vai dar)
Mergulhe fundo e arque com as consequências

Mário Feijó

07.04.16

terça-feira, 5 de abril de 2016

O PODER DO SOL

O PODER DO SOL

Sol é luz e vida
Isto é obvio
No entanto a luz do sol
Dá alegria e conforto a qualquer um
Esteja você saudável ou doente
Exponha-se ao sol e veja os benefícios
Que ele traz à sua vida

Uma planta só germina ao sol
Árvores fazem a fotossíntese sob o sol
Os seres vivos não existiriam
Na sua maioria sem a luz do sol

Eu sou planta que germina
Eu sou flor que se abre
Girassol sob a luz do astro
E dou perfumes
E me multiplico
Quando o sol bate em minha pele

Olho para o mar
Numa mistura da luz do sol
E a cor do mar
Quanta vida há
Quão infinitas são as possibilidades...

Mário Feijó

05.04.16 

domingo, 3 de abril de 2016

BEM-ESTAR

BEM-ESTAR

Eu preciso de você
Porém não dependo de ti
Para poder viver
E quando me entrego
É numa comunhão de corpos
Que eu descubro como é bom
Contigo estar

E quando tu
Imploras o meu amor
Numa carência de gata no cio
Sinto que pensas
Que sou a tua tábua de salvação
Mas no amor
Não se morre abraçado

Amor é laço invisível
Que prende sem amarrar
É perfume que envolve
É bem estar
É por isto
Que eu preciso de você
Para estar de bem com a vida

Mário Feijó

03.04.16

sexta-feira, 1 de abril de 2016

NO meu HORIZONTE

NO MEU HORIZONTE

Há dias em que
Eu só quero saber
Que existo
Respiro fundo e leio...

Noutros dias quero saber
Se eu precisar
Estás por perto
Pronto para me abraçar

Há dias em que eu
Apenas me deixo levar pelo vento
E quando me dou conta
És o meu horizonte...

Mário Feijó

01.04.15

quinta-feira, 31 de março de 2016

ELA

ELA

Toda faceira
Ela abre-se
Ao ser amada

Porta-se feito rosa
Que diante do sol
Entrega todo o perfume
Ao seu colibri

Extasiada
Perfuma o jardim
Num cio floral

Invade a minha vida
Como se quisesse um mundo
Totalmente nosso

Mel e pólen
Vento, brisa
E luz...

Mário Feijó

31.03.16

quarta-feira, 30 de março de 2016

O VENTO QUE ME LEVOU

O VENTO QUE ME LEVOU

Há um vácuo em mim
Um buraco negro
Onde tudo é nada
Onde o nada é tudo

O vento me levou
E não sei onde me encontro
A lua ontem crescente
Agora em mim: minguou

As dunas que estavam na praia
Esconderam-se nas águas do mar
Levadas pela correnteza
Procuram outra foz de rio para aportar

O tempo em mim parou
Em algum lugar desconhecido
Há lembranças que não são minhas
Sombras que não me pertencem

Mário Feijó
30.03.16


terça-feira, 29 de março de 2016

BURACO NEGRO

BURACO NEGRO

Há entre nós
Um espaço tão grande
Que é muito maior
Do que o sexo possa tapar...

Todas as interpretações
Aqui são válidas
Tanto para distâncias
Quanto para espaço e sexo

E buraco negro
É algo que existe
No espaço cósmico
Que engole qualquer matéria

O poeta apenas
Usou de metáforas
Para falar de distâncias
E de buracos de todas as cores

Mário Feijó

28.03.16 

VOCÊ É ASSIM: AMOR E DOR

VOCÊ É ASSIM:
AMOR E DOR

Nenhum pássaro voará alto demais
se estiver voando apenas com suas próprias asas

William Blake


Como podes pensar
Que me magoas
Se eu encontrei motivos
Para continuar: vivendo em ti

Algumas vezes
Somos apenas complemento
Na vida de alguém
Noutras somos a razão de viver

E você é assim
Razão e complemento
Amor e dor
Remédio e lenimento...

Somos o que somos
Não importa se hoje
Apenas a brisa que leva o pólen

Ou se amanhã o fruto deste amor...

Mário Feijó

sábado, 19 de março de 2016

NÓS

NÓS
Nunca ande pelo caminho traçado,
pois ele conduz somente até onde os outros foram

Grahn Bell


Existem pessoas
Que entram em nossas vidas
Como se fossem uma brisa suave
Outras como se fossem um tufão

E há aquelas que um dia entram
Porém acabam destruindo
Tudo de alguma forma
Ou levam apenas parte do que somos

Há aquelas que são
Apenas aragens
Outras que levemente
Deixam um perfume

No entanto quando cruzamos com alguém
Nunca saímos ilesos deste encontro
Ou levamos parte deles

Ou eles levam parte da gente...


Mário Feijó

quinta-feira, 17 de março de 2016

PENSANDO EM VOCÊ



PENSANDO EM VOCÊ
Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo:
nem ele me persegue, nem eu fujo dele,
um dia a gente se encontra.

(Mario Lago)


Abri todas as janelas da minha vida
Mandei que se limpassem todos os vidros
Eu pensava que o mundo estava sujo
Eram meus vidros que o turvavam

Até o mar que eu via do meu quintal
Hoje está silencioso por você
Em respeito a ti abraçou todas as cinzas
Levou-te a viajar em nossas fantasias

Tu deves estar radiosa como sempre
Sorrindo para as nossas ninfas
Agora que teu canto também encanta
Não só a mim, mas a todos os pescadores

Pensando em você estou reconstruindo
Coisas pelo caminho, sonhos teus
Esperanças minhas, desejos nossos
Quem sabe quando eu te reencontrar
Possamos estar realizados e felizes...



Mário Feijó

quarta-feira, 16 de março de 2016

ESCOLHAS (Indriso)

ESCOLHAS (Indriso)

Há dias em que eu
Sinto-me a jogar fora as horas
Esperando o amanhã acontecer

Será que estou fazendo
As escolhas erradas?
O que me leva a esperar?

Por que desperdiçar horas?

Minha vida está indo embora...


Mário Feijó

segunda-feira, 14 de março de 2016

ONTEM... HOJE... AMANHÃ

ONTEM... HOJE... AMANHÃ

Eu tenho pressa em viver
Porque tudo na vida é rápido
E desconhecemos o amanhã
O ontem parecia tão perto
Hoje rapidamente transformou-se
Em um passado distante

Porém não adianta apressar a “Vida”
Ela tem um ritmo todo seu
E este ritmo torna-se incompreensível a nós

Não dá para apressar nada
Temos que viver intensamente (sem pressa)
A velocidade da luz no universo
É algo que leva anos para chegar até a nós

Não se preocupe tanto com os outros
Não se preocupe tanto com o amanhã
Logo, logo tudo será passado
E o que os outros pensam de você
Nunca é o que você pensa de si próprio
Então deixe que pensem o que quiserem
Afinal de contas que é que sustenta você?

Mário Feijó

14.03.16

terça-feira, 8 de março de 2016

PRESENTE DE TODOS OS DIAS

PRESENTE DE TODOS OS DIAS

Todos os dias
Quando abro os olhos
Pela primeira vez
É com espanto que o faço

Extasiado descubro
Que viver é um mistério agradável
Porém nem sempre compreensível
Aos olhos de quem vive por viver

Eu nunca vou saber
Até quando isto acontecerá
Então decido ser feliz
A cada dia que acordo

Dormir é um apagar de luzes
Sem a garantia de a ter no outro dia
É um eterno ir e vir ao desconhecido
E viver é um presente diário...

Mário Feijó

08.03.16

domingo, 6 de março de 2016

EU SOU FELIZ COM MUITO POUCO

EU SOU FELIZ COM MUITO POUCO

Algumas vezes
Eu sou feliz com muito pouco
Basta um beijo na boca
E um tapa na bunda

Outras vezes eu preciso
Chutar o nada
Nas ondas do mar e correr
Para que eu seja feliz

Mas eu sempre preciso
De você por perto
E me entristeço com distâncias
Mesmo quando estás ao meu lado

Eu sou feliz com dias de sol
Mas adoro a beleza da chuva
E me derreto com um sorriso
Mesmo que haja lágrimas nos olhos...

Mário Feijó

06.03.16

sábado, 5 de março de 2016

EU QUERIA VER ESTRELAS

EU QUERIA VER ESTRELAS

Que amor é este?
Tão pequeno quanto
Um grão de areia
Preciso de lupa para vê-lo?

Qualquer brisa o leva
Qualquer tempestade
O leva de um lugar ao outro
Para bem longe de mim

Que amor é este
Que com um simples sopro desmorona
Murcha, cai por terra
Como se fora flor sem água?

Que amor é este
Que me faz viajar
Ir a Marte e voltar
E que tão perto te deixa longe?

Mário Feijó

05.03.16

terça-feira, 1 de março de 2016

VERMES E INSETOS

VERMES E INSETOS

Eu tenho medo
Do que vejo nos jornais
O que fazem com meu país
Do que fazem com meu planeta
Do que fazem com o povo
Das doenças descontroladas
Dos políticos insanos
Das pessoas que são um lixo
E que pensam serem os donos da nação

Eu tenho medo de um inseto
Com o qual sempre convivi
Mas que agora vem armado
Para destruir e matar

Eu sempre soube que era pequeno
Diante do universo
Porém acredita que podia
Fazer algo por mim
E até mudar o mundo

Porém quem está mandando
São vermes e insetos
Uns vestidos de gente
Outros são monstros enormes

Eles não têm piedade
Uns querem apenas o sangue
Do nosso corpo, definhando nossas almas
Outros o sangue nosso sangue verde e amarelo

Mário Feijó

01.03.16   

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

‘EU TE AMO’, DIZ O MAR

‘EU TE AMO’, DIZ O MAR

Quando eu coloco meus pés
Dentro da água gelada do mar
Sinto um arrepio que vai
Da sola dos pés até a coluna

O mesmo acontece
Quando o teu corpo toca o meu
Causando um arrepio
Eu sou garça perdendo a graça

Arrepiando as penas
Pé ante pé entro no mundo dos sonhos
Onde o teu prazer é o meu prazer
Na hora em que dizes “eu te amo”

E mesmo que o digas todos os dias
Eu não me cansarei de ouvir
Porque é isto que o faz continuamente
Quando se joga em ondas aos pés da praia

Mário Feijó

29.02.16