segunda-feira, 30 de abril de 2012

UM AMOR NECESSÁRIO





Todas as tuas partes
Completam as que
Em mim faltavam
Onde há côncavos
Eu sou convexo
E para os teus convexos
Eu sou todo côncavo...
O teu cheiro
Combina perfeitamente
Com os meus
Onde tua pele é seda
Nela há meu descanso...
Agora tu dormes
Como se fosses um anjo
E eu ao teu lado
Sou apenas um guardião...
Somos assim
Necessários um ao outro...

Estás de volta
Às minhas costelas
De onde um dia foste retirada...
Esqueça o mundo lá fora
Hoje eu te ofereço a maçã
Venha comigo pecar...
Mário Feijó
28.04.12

QUANDO O AMOR ACONTECE




Não há formas de dizer
Quando e como vamos amar
O amor acontece quando
A gente menos espera 

Um amor não substitui outro
Cada um deles tem seu tempo
E seu espaço em nossa vida
Basta se permitir amar 

Há pessoas que criticam tudo
Mas deveriam aprender a perdoar
Deveriam aprender a não odiar
Eu me permito amar... 

Amo a vida que insiste comigo neste planeta
Amo minha família embora cada um cuide de si
Amo a natureza que me rodeia de todas as formas
E amo as pessoas que me amam mais intensamente...


Mário Feijó
30.04.12

ESTOU ME RENDENDO AO AMOR




Eu te quero assim
Linda! Despida pra vida
E cheia de amor
Feito os campos de macela 

Rainha da noite
Fortaleza desmoronando em meus braços
Pedindo amor feito a rocha
Que pede as carícias do mar 

Eu rio caudaloso a ti me entrego
Água em minhas entranhas
Correndo em meu leito desbravar 

Sou teu inteiramente
Quando sobre mim cavalgas
Sou necessariamente todo teu...


Mário Feijó
30.04.12

quarta-feira, 25 de abril de 2012

NOITES VIÚVAS







Neste silêncio
Grávido de saudades
Eu entrego minhas dores
À solidão das noites viúvas 

E eu que tinha motivos para sorrir
Agora tenho razões para partir
Mas meu trem não chega
Ou não passa mais nesta estação 

Por que tenho que ficar
Nesta terra tão distante
Neste planeta de privações
Onde as dores prosperam dia a dia 

Não há compreensão
O desamor grassa nos corações
Mãos estendidas? Só as minhas
As outras vivalmas mudaram de rumo... 

Mário Feijó
25.04.12

EM SILÊNCIO...


(Foto de Marcelo e Samantha - Local - Fazenda da Lagoa - Arroio do Sal - RS)
_________________________


Em silêncio a minh’alma contempla:

        O canto dos pássaros

        O barulho do mar

        O riso solto de meninas na praça

        Um quero-quero assustado

        O farfalhar das folhas carregadas de flores

        O vento que toca a minha pele que se arrepia

        Um homem solitário à beira-mar

(será que dá adeus ou espera um amor?)



Neste momento a minh’alma voa

Rumo ao infinito agradecendo os meus sentidos

O cheiro delicioso da maresia

O sabor de sal em meus lábios

A brisa que me refresca

O sol que me aquece

A beleza da paisagem



Extasiada ela voa

Feito pássaro sem destino

Para logo depois

Pousar novamente dentro de mim...



Mário Feijó

25.04.12

domingo, 22 de abril de 2012

RAINHA DOS CATAVENTOS

  

Rosa dos ventos
Disputa com Boreas
Os ventos do norte
Dando destino a seus homens 

Hidra de muitas cabeças
Deixa-se levar por Eros
Tendo Afrodite com espelho
Quando seu objetivo é a caça 

É Diana nos campos
Flecha com dardos envenenados
Abatendo-me no primeiro beijo
Quando em lençóis macios me entreguei 

Abres teus braços envolvendo
Todos os arcos de Iris
Aos costais do sul

E como último ato
Teu sexo me devora
Como se foras a viúva negra... 

Mário Feijó
22.04.12

O AMOR É FLOR




Algumas vezes eu penso
Que só o meu amor
Não basta pra você
Você quer meu ar e o amor é flor 

Você quer todos os meus pensamentos
Você quer controlar meus passos
Isto é perigoso quando amamos
Pode sufocar o outro e matar o amor 

A mim basta que você
Seja a brisa perfumada
O gosto de jabuticaba madura
O cheiro de maracujá 

Ontem eu me perdi em teus braços
Mas eu quero me encontrar neles
Como me encontro em teus beijos
E no teu sexo que me leva ao paraíso... 

Mário Feijó
22.04.12

terça-feira, 17 de abril de 2012

PROCURA-SE UM HOMEM





Procura-se um homem
Que não tenha preconceitos
Que não tenha medo de amar
Que não tenha medo de homens 

Procura-se um homem
Que não tenha medo de ser amigo
Que não tenha medo de abraços
Que não tema inimigos 

Procura-se um homem
Que tenha paixão pela vida
Que ame a natureza
Que saiba amar sem limites

Luz, água, razão
Serenidade, companheirismo, veleidade
Eu quero você inteiramente minha... 

E não precisa mais procurar
Este homem que procuravas sou eu... 

Mário Feijó
17.04.12

DIALOGANDO






Eu não quero
Que você concorde
Com tudo o que eu digo
E com tudo o que eu penso 

São nas incertezas
Que brotam os diálogos
E é no diálogo
Que prospera o aprendizado... 

Mário Feijó
17.04.12

A ETERNIDADE DO AMOR






Eu poderia te amar para sempre

Mas o sempre é finito

Ele acaba no amanhã das incertezas

O meu sempre é hoje

E no hoje eu me eternizo...



Mário Feijó

17.04.12

domingo, 15 de abril de 2012

OS BURROS SOFREM MENOS (em compensação falam mais)





        Algumas vezes observando a vida eu reparei que os burros sofrem menos, pois não entendem direito a vida, nem porque estão nela, mas falam muito mais. Quando você ouvir alguém que não quer ouvir, mas falar pode ter certeza é burro. Além disto os burros são invejosos, eles se acham mais perfeitos, e algumas vezes ainda se acham melhores que os demais.

        Os burros também julgam os outros com facilidade. E pelo fato de falarem demais, cometem mais erros, mas talvez vivam melhor porque experimentam mais, têm menos medo da vida. Correm por isto mais riscos. Bebem mais, fumam demais, drogam-se demais e morrem com mais facilidade porque se colocam em vários focos de risco.

        Eu já vi muita gente inteligente sensível, estas pessoas sofrem com o sofrimento dos outros e sofrem por si e pelos outros. Algumas vezes este sofrimento acaba sendo o seu calvário. Mas estas pessoas se doam mais.

        Algumas pessoas até transitam com facilidade entre os dois mundos, são hábeis, ardilosas e posam de inteligentes, mas são somente burros ardilosos. E ser um burro ardiloso já é um bom sinal de inteligência.

Tornar-se político é uma boa estratégia e, como a maioria pensa não tem patrão, então começam a se tornar senhores absolutos de suas vidas e das dos outros. Em nome do dinheiro, para eles, tudo vale, pensam. Aí um dia, quando cai a máscara definham e alguns até morrem feito ratos. Mas a maioria vai continuar fazendo o que todos os burros fazem: vão continuar pastando...


________________________
Mário Feijó (15.04.12)

A NOITE É NOSSA




Por onde andas meu amor
Que tanta dor me deixas
Neste corpo já cansado? 

O que me dói não é a dor
É o vazio de amor
Que a tua falta me deixa 

E tu o que fazes por mim?
Como será que sofres uma ausência
E o que esta ausência gera em ti?
Saudades? 

Bem sei que és presente
Mas um presente ausente
És a dor da dormência 

Então venha e me beija
Só assim eu saberei
Que a noite é inteira nossa... 

Mário Feijó
15.04.12

NA ERA DA INTERNET A GENTE NÃO SE COMUNICA

 

Ontem você me disse que telefonaria
Mas onde será que está
Porque não me telefonou? 

É caro? É distante?
Não dá pra telefonar?
Pelo menos podia ter mandado
Uma mensagem pela internet 

Ou quiçá mandar sinais de fumaça
Mas agora os tempos são outros
Tudo é muito rápido
E a comunicação por satélite... 

Mas nós estamos ainda
Na era dos tambores e atabaques
Dependentes de benesses alheias 

Tuas cartas ainda não chegaram
Os telefones não trazem mensagens
Em que parte deste universo você se esconde?... 

Mário Feijó
15.04.12

sábado, 14 de abril de 2012

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: PONTO FINAL

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: PONTO FINAL: Pronto! Estou colocando pontos finais Em algumas histórias vividas Nada de ponto e vírgula e olha que Eu já vivi muitas excl...

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: AMIGO CAIDO DA CARROÇA

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: AMIGO CAIDO DA CARROÇA:         Caiu o cachorro da carroça de mudança. A estrada era esburacada e o cachorro caiu. Ficou ali perdido como quê pedindo a...

AMIGO CAIDO DA CARROÇA





        Caiu o cachorro da carroça de mudança.

A estrada era esburacada e o cachorro caiu. Ficou ali perdido como quê pedindo abrigo, chapéu na mão...

        - Não me apontem o dedo! Não era eu o cachorro, tampouco era eu a dona dele. Sua dona é a vida, mas ela com ele não se comprometeu...

        O cachorro virou cão de rua. Tinha até certo estofo, um “pedigree”, mas de adianta um passaporte ou ter árvore genealógica na hora da mudança? Todos se perdem. Todos se assustam e com o cachorro não foi diferente.

        Este cachorro tem medo do frio. Este cachorro tem medo da velhice. Ele sofre de abandono. Mas eu pergunto quem não tem?!!

        Talvez não tenham medo as aves que voam rapineiras, à espreita, à caça porque elas pensam que não têm predadores...

        Todos somos caça muito poucos são caçadores.

        E o cachorro pensa: nada como uma cama quente, uma cachorra ardente e braços ao redor do corpo.

        Com estes pensamentos o cachorro se aquieta e dorme...



Mário Feijó
14.04.12  

PONTO FINAL





Pronto! Estou colocando pontos finais
Em algumas histórias vividas
Nada de ponto e vírgula e olha que
Eu já vivi muitas exclamações, mas agora
Vivo um tempo de muita interrogações... 

Bastar-me-ia dizer-te: acabou!
Dando ênfase aos dois pontos
E também à exclamação
Porém você parece não entender 

É que já ouve muitas reticências entre nós
Agora não é mais possível
Só um ponto final resolverá nossos destinos
Dará um caminho às nossas vidas... 

Chega de gritos, de travessões que machucam
O coração como se fossem espinhos
Nada de pausas, paradas, capítulos
Entre nós agora só cabe um ponto final... 

Mário Feijó
14.04.12

quinta-feira, 12 de abril de 2012

FLORES DE MARACUJÁ






Não é só você quem quer
Algo de muito bom em sua vida
Como eu gostaria na minha
Um banho de gato não te bastaria

Deixaríamos que a chuva banhasse
Teu corpo selvagem nascido
Numa tribo asteca do deserto mexicano
Então se banhe no rio, eu te ensaboo 

Apanharei flores de maracujá
E ensaboarei todo o teu corpo
No meio do deserto há oásis
E para nós também é um refúgio 

Bem que eu gostaria de estar ao teu lado
Mas tudo nos distancia – o tempo, o vento e a hora –
Agora eu só espero tuas carícias
Quando nas quartas houver cinzas, as minhas e as tuas... 

Mário Feijó
12.04.12

CACARECOS





Depois de alguns descasamentos
De alguns desencontros e de
Uns tantos desamores cheguei à conclusão
De que eu e minha vida não passamos de cacarecos 

São cacarecos de sentimentos
Cacarecos de coisinhas pequenas:
Livros, discos, colheres, abridores
Mas o que eu queria mesmo eram fechadores 

Fechadores de portas, de coração
Lacradores de dores e prensadores de amores
Plissadores de carinho para que não fossem escorregadios
Porque carinho bom é aquele que fica na pele 

Eu estou cada vez mais certo
De que meus cacarecos um dia
Formarão uma montanha e subindo por ela
No céu eu poderei tocar... para isto eles servem...


Mário Feijó
12.04.12

AMOR DÓI





Poderia ser diferente
Mas por que só a dor
Tem que prevalecer? 

Eu não entendo o amor
Ele sempre se faz acompanhar
Por momentos de dor
Para só depois se explicar 

Enquanto isto chove
Dentro da minha cabeça
As lágrimas deste amor sentido
Sem sentido, desmesurado, desmentido... 

O que eu faço sem teus toques
Enquanto tu cavalgas por estrelas
Muito além de mim, muito aquém do meu corpo
Que não se contenta só com o ontem
Porque eu te quero presente... 

Mário Feijó
12.04.12

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: O ESPELHO

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: O ESPELHO: No espelho da sala eu descubro a minha viuvez. Sim ela estava patente na pele alva que o sol daquele ano, ainda não havia tocado. ...

O ESPELHO





No espelho da sala eu descubro a minha viuvez. Sim ela estava patente na pele alva que o sol daquele ano, ainda não havia tocado. Todo o meu corpo escondia-se nos prantos que eu derramava por ti e eu definhava na dor da tua não presença.

Mas o espelho era cruel e parecia me chamar para dentro dele ao teu encontro, como se me oferecesse os abraços que eu precisava. No entanto havia em mim um resto de anos que teimava por existir. Eu nem sabia se por carma ou por teimosia mesmo.

E foi então que eu comecei a ficar indignado. É verdade, indignado mesmo. Algumas vezes reagimos e vivemos por indignação. Visto que viver por viver é simplesmente morrer aos poucos.

Eu bem que podia ter morrido. Pensava que já tinha cumprido tudo na vida, mas eu não tinha experimentado viver por indignação.

Há pessoas que tecem a morte e para desgosto destas eu sobrevivo.

Agora vivo para agradar aos peixes e às plantas. Eu sobrevivo para agradar as rosas que morriam sem mim e até as sempre-vivas que pareciam desesperadas.  Mas eu também sobrevivo para arrancar ervas daninhas, para ver as joaninhas passeando por meu jardim que não tem sapos, como no jardim de Yara que mora do outro lado do mapa.

Eu sei que cada canto do mundo tem a sua diversidade e no meu jardim há um universo encantado. Há nele duendes e um pote de ouro que o arco-íris esconde na poupança. Pobre coitado, tão avarento, jamais desconfiou que eu quero sentimentos, como amor, solidariedade, paixão, não miseráveis moedas empilhadas, umas em cima das outras. Isto é com Judas que vendeu seu amigo por um punhado delas. Eu quero apenas vida, no sentido mais visceral da palavra.

Por isto o espelho não me chama mais...



Mário Feijó

09.04.12

sábado, 7 de abril de 2012

DOIS CAMINHOS UMA ESCOLHA






Fazer a caridade
Não nos torna ricos
Não nos torna santos
Não nos torna melhores


Se assim fosse
Madre Tereza de Calcutá
Doando-se ao próximo
Seria multimilionária...


O que nos torna ricos é ser político
Praticar delitos, roubar, ser traficante
Mas isto não nos torna santos
Nem tampouco seres melhores...


Cada um de nós faz escolhas
Sobre o caminho a seguir
E também escolher o que se quer:
Ter... ou Ser??? 

Mário Feijó
07.04.12

O GOSTO QUE TEMOS




Algumas vezes é preciso
Experimentar o gosto
Que o outro tem 

Sim! Pois tem gente
Que tem gosto de fruta madura
Outros de melão azedo e alguns
De pudim de cachaça e cinzeiro... 

Eu gosto do teu gosto
De cachoeira fresca
De sorvete de limão
De jabuticaba madura... 

Do teu ar de potranca selvagem
Da tua pele sedosa de pêssego
Do teu olhar que me abraça
Como se fora uma ovelha que me aquece... 

Mário Feijó
07.04.12

sexta-feira, 6 de abril de 2012

METÁFORAS




Eu preciso de metáforas
Para colocar em meus versos
Disseram-me que estão amargos
Coloquei neles muitas flores: girassóis e outras
Com a intenção de atrair abelhas
Mas elas fazem mel longe de mim
E as borboletas que por aqui passaram
Morreram todas ontem... 

Há lagartas sim
Que eu quando criança
Matava-as com medo... 

Por que é que ninguém diz às crianças
Que lagartas são futuras borboletas? 

Acho que minhas metáforas
Foram todas mortas
Quando pisei nas lagartas de outrora
E agora nem meus girassóis querem girar mais 

Há somente luzes
Que se acendem sozinhas
Talvez elas queiram me dizer algo
Ou simplesmente me mostrar as metáforas... 

Mário Feijó
06.04.12

quinta-feira, 5 de abril de 2012

HOJE






Hoje é um dia jamais sonhado

Que apesar das dificuldades

Que apesar das saudades

Me proporciona a consegue do ser que eu sou



Hoje eu sou resultado de meus atos

Do que eu penso, do que eu quis

E do que as pessoas próximas

Ajudaram nesta construção



Não há o que lamentar

Não há o que parar no tempo

Porque o ontem pode conter as saudades

Mas é no hoje que está a minha estrada...



Mário Feijó
05.04.12

A MENINA DO BALANÇO






        Larissa era uma menina tão doce que parecia haver mel nos seus abraços. Outro dia ela “descabelada” veio em minha direção e eu lhe disse:

- Larissa, ainda não penteaste o cabelo? Ao que ela me respondeu:

- É que você é muito mais importante pra mim, vô. Então eu vim primeiro te dar um beijo.

Ela me desarmou com isto.

Larissa não quer ler! Larissa não quer estudar. Larissa nunca tem deveres. Larissa só gosta de se balançar na rede como se estivesse pendurada num balanço amarrado embaixo de uma árvore. E Larissa balança tanto que já destruiu oito fones de ouvido do seu celular que ela rebenta na rede. Ela nem quer créditos no celular, basta escutar músicas.

Algumas vezes eu ficava preocupado pensando que ela não tinha inteligência para os estudos, mas outro dia estávamos viajando e para passar o tempo brincamos de jogo de perguntas e adivinhação e Lara, sua irmã, onze meses mais velha, sempre metida à sabichona e que em algumas horas chama a Larissa de burra desistiu do jogo porque a Larissa respondia questões gerais, de história, geografia e matemática, mais rápido e certo que ela. Antes do final da viagem a Lara tinha um bico maior que um tucano e a Larissa um sorriso enorme no rosto.

Passei a lhe dar mais crédito e a fazer a irmã respeitá-la mais. Agora a Larissa balança na rede os seus cabelos lisos e despenteados à vontade e eu não exijo tanto dela os deveres. Afinal eu também era assim “meio infantil”, conforme definição dela própria, e eu acabei conquistando o respeito das pessoas como profissional liberal, professor e escritor.

Quanto ao futuro de Larissa eu não sei, pois não consigo fazer previsões, mas estou deixando-a usufruir da inocente criança que conscientemente ela cultiva na idade certa.



Mário Feijó

05.04.10  

AMOR E FIDELIDADE





Ser fiel é uma responsabilidade

Por alguém com quem compartilhamos algo

Amor exige fidelidade...



Mário Feijó

05.04.12

quarta-feira, 4 de abril de 2012

APRENDE-SE





Aprende-se com a vida
A ser flexível sem quebrar
Que dores teremos sempre
E que elas nos estimulam  

Não podemos fugir de nós
Tampouco ser autista por opção
Ver uma pedra no caminho
E tropeçar, sem contorná-la... 

Há sinais de fumaça
Eu desperto, porém sigo
Cada um dos meus instintos
Cuidando de mim, não da vida dos outros... 

Aprende-se amando
Respeitando a si e aos outros
O resto o mundo mostra
E diante dos vendavais envergamos
Só assim não quebraremos diante deles...


Mário Feijó
03.04.12

O SOL DO QUINTAL DA TIA LOURDES





Fazia uma tarde brilhante. Dessas que parece ter Tia Lourdes passado saponáceo no sol, de tão reluzente que ele se fazia.

Tia Lourdes era dessas mulheres que mesmo com oitenta e tantos anos se achava na obrigação de tudo limpar, e de tudo arear... talvez até o sol ela areasse, pensava eu.

Tia Lourdes era uma daquelas idosas que mesmo alquebrada pela idade sempre me parecia uma adolescente. Seus cabelos eram tão brancos que de tão brancos eu tinha a impressão de que ela lavava com sabão em pó para clareá-los, como fazia com as roupas. E os seus olhos então. Os seus olhos eram tão azuis, como os olhos do céu naquela tarde. Não havia uma nuvem nele. Ela era pra mim o protótipo de todos os seres que já passaram pela minha família, desde os meus pais aos meus avós, maternos e paternos, e meus irmãos e tios.

Tia Lordes era uma mulher linda, desde a juventude. Eu comparava sua beleza a beleza da Virgem Maria que ela tanto venerava na igreja que ia.

Eu lembro que na casa de tia Lourdes haviam chinelos para andar dentro de casa, chinelos para andar na área cimentada e com pisos e chinelos para andar no quintal. E o quintal era uma beleza. Lá haviam muitas frutas e flores e as flores que eu mais gostava no quintal de Tia Lourdes eram os lírios e os copos-de-leite. Mas as orquídeas também causavam inveja aos transeuntes. E naquele quintal “o que se plantava dava”.

Há alguns anos eu chupei bergamotas e resolvi jogar as sementes num canto, agora quando vou visitá-la no mês de maio há sempre bergamotas (tangerina ou mexerica, como chamam alguns).

Algumas vezes eu penso que por ela limpar tudo, até o céu do quintal da Tia Lourdes é mais limpos e quiçá seja por isto que os copos-de-leite e os lírios do seu quintal sejam tão brancos.

Agora que minhas lembranças do passado brotaram como se fossem a nascente de um rio. Eu clareio minha mente com o sol do quintal da Tia Lourdes.



Mário Feijó

03.04.12

terça-feira, 3 de abril de 2012

MENINO QUE VOA






Eu já não me importo
Com meus cabelos encanecidos
Que me fazem ficar
Com cara de avô
(pois é isto o que sou)... 

Também não me importo
Com a minh’alma que continua
Correndo descalça na chuva


Nem tampouco com os meus braços
Que se abrem toda vez que venta
Porque eu continuo sonhando
Que tenho asas e vou voar...


Mário Feijó
03.04.12

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O PRIMEIRO BEIJO








Eu agora sou aquele menino

Que enrubesce quando tu

Seguras na minha mão e dizes

Eu quero ser tua namorada



Então meio sem graça

Em frente à porteira do campo

Onde sua avó mora

Ele a segura e dá o primeiro beijo



Tu que já esperavas por isto há tempos

Dizes fingindo inocência

Ah! Mas em frente à porteira?

Todos irão nos ver...



Aí ele de calças curtas

Corre para casa, coração disparado

Enquanto ela toda frajola

Sai rodando o seu vestido rodado de chita, feliz...



Mário Feijó

02.04.12

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: GRITO SILENCIOSO

Mario Feijo - Poeta e Artista Plastico: GRITO SILENCIOSO: Eu só clamo por ti Mas o que eu queria mesmo Era gritar teu nome e que Eu sinto a tua falta   Mas o universo é tão grande...

GRITO SILENCIOSO





Eu só clamo por ti
Mas o que eu queria mesmo
Era gritar teu nome e que
Eu sinto a tua falta 

Mas o universo é tão grande
E eu não sei onde te encontrar
Ainda por cima tenho medo que meu grito
Torne as estrelas cadentes... 

Há dias em que meu grito é silencioso
Noutros eu só falo com as paredes
Mas ainda há aqueles em que
A saudade é tanta que eu tenho
Que chorar escondido...


Mário Feijó
02.04.12

domingo, 1 de abril de 2012

AS MÁSCARAS CAÍRAM?






Algumas pessoas
Ao invés de serem honestas
Preferem ser falsas
Agindo na surdina 

Outras mandam alguém
Para fazer o serviço sujo
E posam de boazinhas 

Seria tão mais fácil
Olhar nos olhos da gente
E dizer tudo o que pensam
Então conseguiriam o que querem 

Então preferem tentar
Destruir a imagem do outro
Mas elas não têm cacife
Porque são pessoas podres... 

Mário Feijó
01.04.12

CONVERSA SÉRIA COM DEUS



Eu já tive algumas conversas sérias com Deus, mas no último natal eu cheguei a discutir com Ele. Eu não entendia porque eu tinha que sobreviver e tu não.

Eu não entendia também porque as pessoas que vinham para me ajudar aproveitavam para saquear. É incompreensível isto num ser civilizado. Será que na desgraça dos outros soltamos o criminoso que está preso dentro de nós? E por que motivo isto acontece? Por que motivo tudo é mais difícil nas horas difíceis? As mãos que te são estendidas algumas vezes são bocarras que querem te devorar, aproveitando-se da tua fragilidade... Por isto eu algumas vezes me refiro às pessoas que fazem isto como se fossem abutres (coitados dos abutres, esta é a natureza deles, limpar a natureza), mas as pessoas que agem assim, não estão limpando nada, além de sujar as suas consciências.

Mas voltando à minha discussão com Deus. Eu penso que pelo menos umas 3000 vezes eu repeti o seu nome, isto talvez tenha me feito sobreviver, pois com sangramento no pulmão e sem respirar direito, o esforço me deixou consciente. Segundo foi o desespero de ver ao meu lado outro ser humano na mesma situação que eu, mas que não teve a mesma chance de lutar pela sua sobrevivência. Esta eu até entendo, ela sempre foi apressada, e partiu na frente.

Discutir com Deus não quer dizer estar indignado com Ele, mas querer respostas. E naquele momento eu queria respostas. Agora eu ainda as quero, não sei quando as terei...

Viver é um aprendizado. Viver com dores é um aprendizado maior. E não ter respostas: um exercício de paciência.

Mário Feijó (31.03.12)

UMA MISTURA DE SAUDADES





A alma da gente é feito a água: ela vem do céu e volta pro céu, num eterno ir e vir... Goethe





Somos muito pequenos

Para entender a grandiosidade de Deus

Para entender a grandiosidade do universo

No tempo somos menos que uma borboleta

Que vive apenas 24 horas...



Alguns ainda pensam que são

Maiores que os outros

Quando não passamos

De poeira cósmica...



Agora eu sinto saudades

Numa mistura de dores n’alma

Numa mistura de nulidade

Numa certeza de pequenez finita...



Neste momento tudo o que eu queria

Era ser o nada para então me recolher

A tudo o que eu sempre fui...



Mário Feijó

31.03.12